Poucas vezes no Brasil se viu uma sociedade tão polarizada como em 1888-1889. O fim da escravidão é um divisor de águas na história do país e talvez o ato mais revestido de sentido de toda a nossa história. O avanço da modernização (a partir de 1850), de um lado, e a resistência das heranças coloniais, de outro, numa espécie de duelo: o pensamento liberal, o industrialismo, o comércio, a vida urbana contra o ruralismo, o latifundiário, o escravismo, o patriarcalismo.
Desse modo, fica claro que, no processo de passagem da Monarquia à República, a questão se restringia a uma disputa pelo poder entre duas elites que estavam se comendo vivas. Percebem-se também nesse processo duas questões presentes na política nacional. A primeira: o povo não foi consultado; e a segunda: as mudanças acontecem no Brasil mediante um conflito ou um acordo entre poderosas elites econômicas que são também donas do poder. O povo fica fora, a tudo assistindo, bestializado.