Em 1935 foi fundada a ANL (Aliança Nacional Libertadora), que passou a fazer forte oposição a Getúlio. A intensificação do movimento resultará na tentativa de golpe contra o governo em 1935. Logo debelado, o episódio da Intentona Comunista (novembro de 1935) reverberará fortemente no que diz respeito às medidas repressivas e autoritárias do governo Vargas. No mesmo mês em que se cria a ANL, o Legislativo aprova a Lei de Segurança Nacional.
O elemento novo nos anos 1930-1935, com o desenvolvimento da urbanização e da industrialização, é o surgimento de uma numerosa classe de trabalhadores urbanos. Nos anos 1930, já havia um temor das elites industriais com a organização dos trabalhadores, fosse em sindicatos, fosse em partidos. A Revolução Russa de 1917 havia implantado o comunismo na União Soviética, e o ideal se espalhou pelo mundo. No Brasil, o Partido Comunista já havia sido fundado em 1922. Do ponto de vista dessas elites, a classe trabalhadora, os sindicatos, os partidos políticos e a ANL eram sinônimos. O programa da ANL, propagado aos quatro ventos, era para elas igualmente assustador: liquidação dos latifúndios, cancelamento da dívida externa, nacionalização das empresas estrangeiras, salário mínimo e jornada de trabalho de oito horas.
Em 13 de julho de 1935, depois de um discurso do presidente da ANL, Luís Carlos Prestes, defendendo esse programa, a ANL foi fechada e posta na clandestinidade. Em novembro, os membros da Aliança que conseguiram escapar das prisões e perseguições que se seguiram ao fechamento da instituição organizaram levantes contra o governo nas cidades do Recife e do Rio de Janeiro. Foram também violentamente combatidos. Em março de 1936, Prestes e sua companheira, Olga, seriam capturados, e ela, alemã, extraditada para a Alemanha nazista, onde morreria num campo de concentração.
Não seria nesse momento, em que a elite industrial começava sua ascensão, que algo poderia se interpor entre ela e seus objetivos imediatos. A produção in dustrial havia crescido 50% entre os anos de 1929 e 1937 — claro, com financiamento e vantagens concedidos pelo governo visando à importação de insumos para a produção de bens de consumo. Por aí se pode ver o nível de importância que essa classe social havia conquistado nesse curto espaço de tempo — do ponto de vista econômico e, consequentemente, político. Era preciso impedir, na eleição de 1937, de qualquer forma, o avanço das dissidências, não importava de que lado viessem — das oligarquias ou dos trabalhadores organizados. Como não surgiu nada de novo, tratou-se de plantar o Plano Cohen, que dizia respeito à organização de uma revolução comunista. Era um ardil apenas, plantado pelos golpistas. Fato é que a divulgação do Plano Cohen caiu como uma luva para as pretensões de Getúlio e de toda a burguesia industrial que recentemente havia chegado ao poder. Esse plano é para o Brasil o que o incêndio do Reichstag (Parlamento) foi para a Alemanha, em 1933. Atribuído a comunistas, o incêndio foi o pretexto para o autoritarismo e para a ascensão definitiva do nazismo. No dia 10 de novembro de 1937, o Exército cercou e fechou o Congresso Nacional: era o início do Estado Novo.