Capitanias Hereditárias

Capitanias Hereditárias

Segure-se a esse período inicial o regime das Capitanias Hereditárias, de 1534 a 1549, uma organização social puramente mercantil. Nesse período, apenas duas delas prosperaram: a de São Vicente, cujo donatário era Martim Afonso de Souza – que também em parceria com banqueiros judeus holandeses fundou o engenho São Jorge dos Erasmos, um dos primeiros do Brasil, cujas ruínas podem ser até hoje visitadas na cidade de Santos, São Paulo -, e a de Pernambuco, cujo donatário era Duarte Coelho Pereira.

A maioria dessas capitanias foi concedida a famílias judias oriundas das ilhas do Açores e Madeira, onde a cultura da cana-de-açúcar estava a pleno vapor havia décadas. Ali, já havia sido desenvolvida toda a logística do negócio – plantação, engenho e comercialização. Para se abrir um engenho era preciso ter conhecimentos técnicos específicos, sobretudo em fundição de ferro. Banqueiros e comerciantes judeus financiavam todo o processo, desde a plantação da cana-de-açúcar até a implantação do engenho. Com isso, ficavam com o monopólio do transporte, refino e distribuição do produto na Europa.

Os portugueses forneciam as terras e, além de recolher impostos e tributos dos engenhos que estavam arrendados nas suas terras, ficavam também com o monopólio do fornecimento de mão de obra, ou seja, com a forma de escravos adquiridos na África.

Não se pode falar em um processo de colonização. O que ocorreu nesse período até 1534 foi um processo de terceirização. Portugal terceirizou tudo. Ganhava bem menos do que poderia auferir, mas também economizava um esforço imenso. Em suma “ocuparam apenas como agentes comerciais, funcionários dos reis e militares, o resto é contingência”. 

Totalmente dispersas e separadas umas das outras essas capitanias nunca chegaram a formar um conjunto, um todo. Eram, antes, um verdadeiro “arquipélago”. Completamente independentes umas das outras, viviam cada uma à própria sorte.