O imperador foi avisado por telegrama, em Petrópolis, de tudo o que havia ocorrido: o ministério estava deposto e era preciso tomar providências.
Já no Rio de Janeiro, estabeleceu-se, no Paço Imperial, um gabinete para gerir a crise. Estava tudo sob controle, tratava-se apenas de arranjar um primeiro-ministro que fosse simpático nem tanto às Forças Armadas, mas a Deodoro. Este, sim, era um fato novo. A queda ou a troca de ministério era corriqueira, mas nunca havia ocorrido por intervenção de outro que não o imperador.
O ministro deposto – Ouro Preto – indicou ao imperador o nome de Gaspar Silveira Martins, que se encontrava em Santa Catarina. O nome do experiente José Antônio Saraiva era o mais indicado para contornar a crise. Desafeto histórico do Marechal Deodoro, mesmo imediatamente descartado por D. Pedro II, o nome de Silveira Martins para compor o novo ministério foi um divisor de águas na história do golpe republicano.
Alguém do Gabinete de Crise fez com que a mera sondagem em torno do nome de Silveira Martins chegasse aos ouvidos de Benjamim Constant. Ato contínuo, Benjamim – que procurava convencer Deodoro a avançar para além da deposição do ministério e caminhar em direção à República – havia encontrado, enfim, o impulso que faltava para despertar a ira do marechal contra a Monarquia. Em qualquer momento entre a madrugada e a manhã do dia 16 de novembro, Deodoro cedeu às pressões dos republicanos e, por um capricho pessoal, mais do que por uma convicção política, resolveu pela queda da Monarquia e a instauração da República. Não houve revolução nenhuma, o quadro pintado por Benedito Calixto sobre o 15 de novembro de 1889 consegue apenas exprimir com cores idílicas um episódio que, na verdade… não existiu.
A transição da Monarquia para a República no Brasil ocorreu de forma quase imperceptível. Foi uma farsa. Não alterou em nada a rotina do povo, da cidade ou do país. Não passou, portanto, de um arranjo de forças políticas e econômicas que vinham se digladiando desde o 13 de maio de 1888 com o fim da escravidão; essa, sim, uma revolução social.