A Vinda da Família Real Portuguesa

A Vinda da Família Real Portuguesa

Quando Napoleão invadiu a Espanha e Portugal entre os anos 1807 e 1808, toda a América espanhola aproveitou a oportunidade para libertar-se da colonização. A Argentina o fez em 1816; o Chile, em 1817; a Colômbia e a Venezuela, em 1819; e o Peru, em 1821. A Inglaterra, principal potência econômica e bélica do século XIX, reconheceu imediatamente a independência desses países, principalmente porque lhe interessava ampliar as possibilidades de negócio. Com o Brasil – única colônia Portuguesa – deu-se algo inusitado: a Coroa migrou para cá com todo o seu entourage.

Os movimentos internos de contestação (a exemplo da Inconfidência Mineira, de 1789) não foram suficientes para despertar o sentimento de independência no Brasil. Por ter escoltado a Coroa portuguesa, a Inglaterra ganhou de presente do Príncipe D. João a chamada Abertura dos Portos às Nações Amigas, lei promulgada em 28 de janeiro de 1808. A abertura dos portos é o ato mais pleno de significado para o Brasil, pois, ao franqueá-lo ao comércio internacional livremente, D. João destruía, assim, com uma canetada, todo o esquema colonial que havia surgido na época da Restauração (1640) e que era a base dos domínio colonial português e da própria razão de ser da Colônia, que era o exclusivismo comercial.

Quando, em 1809, Napoleão é vencido e seus exércitos deixam Portugal, passa-se por lá a se exigir que a ordem anterior seja restaurada e restabelecida, ou seja, o monopólio comercial entre Portugal e Brasil. Para a Inglaterra – quem mais se beneficiou com a abertura dos portos -, o exclusivismo comercial seria um retrocesso e, agora, era melhor o Brasil livre de Portugal. Por esse motivo é que se viabilizará a independência do Brasil, e só por isso – mais pelos interesses ingleses do que nacionais. E é o que aconteceria em menos de uma década.