O Plano Collor foi decisivo para a queda do presidente, pois representava a mais drástica intervenção do Estado na economia da história do país. No Plano, foram tomadas medidas tributárias, tais como “redução dos prazos de recolhimento e indexação de tributos, ampliação da tributação ou aumento de alíquotas e suspensão de todos os incentivos. Previa também uma grande tributação sobre operações financeiras com a aplicação das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as operações da Bolsa de Valores, compra e venda de ações, ouro e títulos em geral, além da própria caderneta de poupança”.
A medida provisória mais polêmica e determinante para a queda do presidente foi: “Os depósitos de poupança, tanto de pessoas físicas quanto de jurídicas, poderão ser sacados uma única vez até o limite de CR$ 50.000,00. A mesma regra para conta-corrente. O restante ficará bloqueado durante 18 meses.”
Atualizados, os 50 mil cruzeiros (o limite para saque) correspondem atualmente a cerca de R$ 6.500,00. A grande massa de trabalhadores e da população em geral vivia com salário mínimo, não havia sobras; portanto, não havia poupança. Poupar ou deixar dinheiro na conta-corrente ou em aplicação financeira era um luxo no Brasil dos anos 1980, em um cenário de hiperinflação. As medidas do Plano Collor atingiram diretamente a alta classe média e a burguesia brasileira. Essa elite, sim, teve confiscados seu dinheiro particular e o dinheiro de suas empresas. A partir do início do Plano Collor, os ânimos ficam exaltados no país. A elite, que havia apostado todas as suas fichas no candidato contra as incertezas e o medo da vitória de Lula, tinha agora suas expectativas frustradas.