Menés

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Menés

Menés foi um faraó do Antigo Egito da Época Tinita, creditado pela tradição clássica como o unificador do Alto e Baixo Egito, e como o fundador da primeira dinastia. 

A identidade de Menés é um tema de debate em curso, embora o consenso geral dos egiptólogos identifica Menés como o faraó protodinástico Narmer (também creditado como unificador do Egito) como o primeiro faraó, evidenciado por diferentes titulaturas reais nos registros históricos e arqueológicos, respectivamente. 

Nome e identidade

O comumente usado Menés deriva de Manetão, um historiador egípcio e sacerdote que viveu durante o período ptolomaico. Manetão usou o nome na forma Μήνης (transliterado: Mênês). Na forma grega alternativa, Μιν (transliterado: Min) foi citado pelo historiador Heródoto no século V a.C., uma variante não muito considerada em resultado da contaminação a partir do nome do deus Mim. Eusébio de Cesareia identifica o Mim de Heródoto com o Menés de Manetão. A forma egípcia, Meni, é tomado pela listas reais de Turim e Abidos (datadas da XIX dinastia). 

O nome, Menés, significa “Aquele que persevera”, que, Edwards (1971) sugere, pode ter sido cunhado como “um mero epíteto descritivo denotando um semi-legendário herói […] cujo nome havia sido perdido”. Em vez de uma pessoa em particular, o nome pode ocultar coletivamente os faraós protodinásticos Ka, Escorpião II e Narmer. 

Menés e Narmer

A quase completa ausência de qualquer menção de Menés no registro arqueológico, e a comparável riqueza de evidências de Narmer, uma figura protodinástica creditada por descendentes e no registro arqueológico como um firme reivindicador da unificação do Alto e Baixo Egito, tendo dado origem para a teoria de que identifica Menés como Narmer. 

A principal referência arqueológica de Menés é uma placa de marfim de Nacada que mostra o nome Hórus real Aha (o faraó Atótis) próximo a um edifício, dentro do qual está o nome nebty real mn, geralmente tomado como sendo Menés. Disto, várias teorias sobre a natureza do edifício (uma cabine funerária ou um santuário), o significado da palavra mn (um nome ou um verbo perdura) e a relação entre Atótis e Menés (como uma pessoa ou um faraó sucessor) tem surgido.

As listas reais de Turim e Abidos, geralmente aceitas como sendo corretas, listam os nomes nebty dos faraós, não seus nomes de Hórus, e são vitais para a reconciliação de vários registros: os nomes nebty na listas reais, os nomes de Hórus nos registros arqueológicos e o número de faraós da I dinastia de acordo com Manetão e outras fontes históricas. 

Petrie fez a primeira tentativa para esta tarefa, associando Iti com Quenquenés como o terceiro faraó da I dinastia, Teti (Turim) (ou outro Iti [Abidos]) com Atótis como segundo faraó, e Menés (um nome nebti) com Narmer (um nome Hórus) como primeiro faraó da I dinastia. Lloyd (1994) achou esta sucessão “extremamente provável”, e Cervelló-Autuori (2003), categoricamente afirma que “Menés é Narmer e a Primeira Dinastia começou com ele”. 

História

A antiga tradição atribui a Menés a honra de ter unido o Alto e Baixo Egito em um único reino e tornando-se o primeiro faraó da I dinastia. No entanto, seu nome não aparece existentes peças dos Anais Reais (Pedra do Cairo e Pedra de Palermo), que é uma lista real fragmentada que foi esculpida numa estela da V dinastia. Ele tipicamente aparece fontes mais tardias como o primeiro humano a governar o Egito, diretamente herdando o trono do deus Hórus. Ele também aparece em outra, muito mais tardia, lista real, sempre como o primeiro faraó humano do Egito. Menés também aparece em romances demóticos do período greco-romano, demonstrando que, mesmo que tardiamente, ele foi considerado uma figura importante. 

Menés foi visto como uma figura fundadora por grande parte da história do Antigo Egito, similar a Rômulo na Roma Antiga. Manetão registra que Menés reinou por 30 (ou 60) anos, levou o exército transversalmente na fronteira e ganhou grande glória, e foi morto por um hipopótamo. Ele foi sucedido por seu filho Atótis, que construiu o palácio de Mênfis. 

Capital

Manetão associou a cidade de Tinis com as primeiras dinastias (Dinastia I e II) e, em particular, Menés, um “tinita” ou nativo de Tinis. Heródoto contradiz Manetão ao afirmar que Menés fundou a cidade de Mênfis como sua capital após desviar o curso do rio Nilo através da construção de um dique. Manetão atribui a construção de Mênfis para o filho de Menés, Atótis, e chama os faraós da III dinastia como “menfitas”.

No entanto é pouco provável que apenas durante o reinado do sucessor de Menés, a capital tenha sido transferida para Mênfis, pois, sua localização possibilitaria um mais eficiente controle sobre o recém-incorporado Baixo Egito assim como das rotas comerciais com o Oriente Próximo. Eusébio de Cesareia, ao comentar a cronologia de Manetão, observa que a duração total dos reinos egípcios é muito longa, e sugere que as várias dinastias de Manetão poderiam ter reinado ao mesmo tempo, em diversas partes do Egito, com reis em Tinis, Mênfis, Saís e na Etiópia. Locais como Hieracômpolis e Nacada, por sua importância durante o período pré-dinástico, receberam templos. Da mesma forma, Abidos foi mantida como necrópole da I dinastia.

Influência cultural

Diodoro Sículo afirma que Menés introduziu a adoração dos deuses e a prática de sacrifícios tão bem quanto um mais elegante e luxuoso estilo de vida. Por esta última invenção, a memória de Menés foi desonrada pelo faraó da XXIV Dinastia Tefnacte, e Plutarco menciona um pilar de Tebas sob o qual foi inscrito uma maldição contra Menés como o introdutor da ostentação. 

Episódio do crocodilo

Diodoro Sículo recorda uma história de Menés, relatada pelos sacerdotes do deus crocodilo Suco de Crocodilópolis, em que o faraó Menés, atacado por seus próprios enquanto caçava, fugiu atravessando o lago Moéris nas costas de um crocodilo e, em agradecimento, fundou a cidade de Crocodilópolis.

Edwards (1974) afirma que “a lenda, que está, obviamente, cheia de anacronismos, é manifestamente desprovida de valor histórico”, mas Mastepo (1910), embora reconhecendo a possibilidade de que as tradições relativas a outros reis podem ter-se misturado com essa história, rejeita a sugestão de alguns comentadores de que a história deve ser transferida para o faraó Amenemés III} da XII dinastia e não vê nenhuma razão para duvidar de que Diodoro não registrou corretamente uma tradição de Menés.

Joseph (2004) interpreta a história como uma alegoria para a vitória de Menés e seus aliados em sua guerra de unificação, e em que os inimigos de Menés são simbolizados insultuosamente como os cães. Faber (1816), tendo a palavra campsa o significado tanto de crocodilo como arca e preferindo este último, identifica Menés como Noé e toda a história como um mito do dilúvio. 

Morte

Segundo Manetão, Menés reinou por 30 (ou 60 anos) e foi morto por um hipopótamo. 

Outros usos

Alguns estudiosos afirmam que o nome do rei Minos quem governou a Antiga Creta é derivado de Menés assim como os nomes Tsar, Cáisere “Czar” são derivados de César. Como não há nenhuma menção de Menés nos registros arqueológicos egípcios, é também possível que seu nome foi derivado de Minos. 

Veja mais:

Alexander Dow (1735/6-1779), um dramaturgo e orientalista escocês, escreveu a tragédia Sethona, situada no Antigo Egito, em que o personagem principal, Menés, é descrito na dramatis personæ como “próximo herdeiro masculino para a coroa” agora usada por Serápis, e foi interpretado por Samuel Reddish em uma produção de 1774 por David Garrick no Teatro Drury Lane.