William Harvey

9
William Harvey

William Harvey (Folkestone, 1 de abril de 1578 — Roehampton, 3 de junho de 1657) foi um médico britânico que, pela primeira vez, descreveu corretamente os detalhes do sistema circulatório do sangue ao ser bombeado, por todo o corpo, pelo coração. 

Biografia de William Harvey

Estudou Medicina na Universidade de Cambridge, onde, em 1602, se doutorou. Estudou entre 1597 e 1601, em Pádua com Girolamo Fabrizi. Exerceu clínica em Londres e foi médico do St. Bartholomew’s Hospital, sendo, em 1609, nomeado professor de Anatomia e Cirurgia no Royal College of Physicians. Seus estudos inspiraram as ideias de René Descartes, que em sua “Descrição do Corpo Humano” disse que as artérias e as veias eram canos que carregavam nutrientes pelo corpo.

Muitos acreditam que ele descobriu e expandiu as técnicas de medicina muçulmana, particularmente o trabalho de Ibn Nafis, que lançou os primeiros estudos sobre a maioria das veias e artérias no século XIII. Apesar da discussão que a sua descoberta desencadeou, as suas ideias acabaram por ser aceitas ainda durante a sua vida. Na época em que a discussão decorria, os seus defensores eram apelidados pelos opositores de “circulatores”. 

São também notáveis os seus estudos sobre a geração. Realizando trabalhos experimentais, utiliza os animais do parque do rei, concluindo que todo ser vivo provém de um ovo. Demitiu-se de todos os seus cargos em 1646, retirando-se para o campo, tendo recusado a presidência do Colégio dos Médicos para a qual tinha sido eleito em 1654. 

Contribuições na Biofísica

William Harvey foi um dos primeiros cientistas a descrever o funcionamento do sistema circulatório, mais especificamente o movimento do sangue pelo interior dos vasos sanguíneos. Interessou-se pelos movimentos do coração de tal forma que não os coordenou com os movimentos respiratórios , deixando assim de lado o velho conceito segundo o qual, desde Cláudio Galeno, se atribuía uma importância excessiva à mistura no coração das moléculas de ar com as substâncias nutritivas.

Assim, Harvey por meio de estudos com animais vivos, nos quais ele observava o interior da cavidade torácica de um animal enquanto ainda vivo, constatou que o coração é um músculo que se contrai e enrijece, da mesma maneira que o bíceps quando se flexiona o cotovelo.

Porém deduziu que o coração é um músculo diferente, já que é oco, e é responsável por bombear o sangue nos vasos sanguíneos e, como conhecia perfeitamente as válvulas em ninho de pombos existentes nas veias, também entendeu que, quando o coração se contrai para expulsar o sangue que lhe chegou através das veias, este é jorrado unicamente nas artérias. Logo, concluiu que: as veias levam o sangue ao coração e este o expulsa para as artérias quando há contrações cardíacas.

Seus manuscritos, numa mistura de inglês com latim, são de difícil leitura, mas foram conservados no Museu Britânico e graças a esses manuscritos é que se sabe que sua teoria estava bem clara para que se pudesse dizer: “está provado, pela estrutura do coração, que o sangue é constantemente transferido dos pulmões para a aorta, como se fosse impulsionado por duas pancadas de um carneiro d’água. ” “De Motu Cordis” (“Sobre o Movimento do Coração e do Sangue”)

Publicado em 1628 na cidade de Frankfurt, este livro de 72 páginas contém a primeira explicação acurada sobre a circulação sanguínea. Inicia-se com uma dedicatória clara e simples ao Rei Charles I, e divide-se em 17 capítulos descrevendo a anatomia e movimentação do coração e a consequente circulação do sangue pelo corpo.

Veja mais:

Tendo apenas lupas normais a sua disposição, Harvey não conseguiu as imagens mais tarde obtidas por Leeuwenhoek e seu microscópio: assim ele possuía uma teoria sólida, mas algumas partes do livro careciam de evidências práticas. Depois do primeiro capítulo que delineia as ideias anteriormente aceitas sobre o coração e os pulmões, Harvey avança para a premissa fundamental do seu tratado, enfatizando que é extremamente importante o estudo do coração enquanto está em funcionamento para entender seus movimentos; um objetivo que alcançou não sem dificuldades, como ele diz na obra:

“…Achei esta tarefa verdadeiramente árdua… que quase me levou a pensar que os movimentos do coração só poderiam ser entendidos por Deus. Pois sequer eu podia perceber de início da diferença entre a sístole e a diástole dada a rapidez dos movimentos.”