Portugal e rota para o Oriente

Portugal e rota para o Oriente

Com o sucesso de Ceuta, Portugal decide alçar voos mais altos. Em 1418, o Infante D. Pedro, filho mais jovem de D. João I, é escolhido para fazer uma longa viagem – que duraria 10 anos – em busca de notícias, conhecimentos científicos, mapas, relatos e tudo o mais que pudesse auxiliar Portugal na sua grande ambição: acessar, sem intermediários, as riquezas das Índias e se tornar protagonista em matéria de negócios.

É pretensão do Ocidente imaginar que a história começa no século XV com o Renascimento, a Reforma Protestante e a Revolução Científica. Isso talvez seja verdadeiro para o mundo ocidental, mas a história da sociedade é muito mais complexa que o Ocidente, e outras civilizações desenvolveram igualmente religiões, conhecimentos científicos, projetos sociais etc. Bata pensarmos, por exemplo, na Biblioteca de Alexandria, no Egito – que possuía 700 mil volumes em livros -, e em cujo complexo havia um jardim botânico um jardim zoológico e um observatório astronômico. Inaugurada no século II a.C., por ela circularam nomes como Arquimedes, Euclides e Ptolomeu. Havia séculos, os povos antigos – chineses, fenícios, entre outros – conheciam não somente técnicas avançadas de navegação, como navegar por mares e terras que, para o Ocidente, ainda eram completamente desconhecidos. É plausível que conhecessem a ligação entre os oceanos Índico e Atlântico, e igualmente plausível que tivessem até mesmo chegado ao Brasil e à América do Norte. 

Assim, surgiram duas notícias valiosas, obtidas pela expedição do Infante D. Pedro. A primeira era que havia um reino cristão incrustado no Oriente, e esse reino poderia servir de ponto de apoio para uma incursão de Portugal – tratava-se do reino do Preste João. A segunda era que os turcos estavam em franco processo de expansão do Império Otomano e que, mais dia, menos dia, as cobiçadíssimas rotas das especiárias do Oriente e a Rota da Seda da China seriam bloqueadas. Quando isso ocorresse, quem tivesse um plano B – outra rota para acessar o Oriente, por exemplo – ou melhores relações com os turcos otomanos certamente tomaria conta daquela generosa fatia do bolo.