Introdução de Gêneros Tropicais na Europa

Map of world made from different kinds of spices, close-up

Como se pode notar, é impossível entender o Brasil sem compreender o contexto do seu descobrimento. Portugueses e outros povos estavam em busca de mercados consumidores ou fornecedores de qualquer coisa que pudesse se transformar em lucros. Nesse ponto, a região do Oriente Médio, a Índia e a China estava anos-luz à frente da civilização que Portugal encontrou no Brasil.

Caio Prado Júnior, no livro formação do Brasil contemporânea, analisa do seguinte modo o teor aventureiro da colonização portuguesa na América: “A América com que toparam não foi para eles, a princípio, senão um obstáculo oposto à realização de seus planos e que devia ser contornado”. Devido às parcas possibilidades de comércio, Portugal abandona completamente o Brasil e, para não perder as terras que futuramente poderiam ser úteis, resolve arrendá-las em troca de parte da produção que os arrendatários pudessem auferir da terra. A princípio, não havia outro produto para negociar senão os extrativos.

O primeiro arrendatário foi o judeu Fernando de Noronha, que obteve o rei de Portugal um concessão para explorar por três anos o pau-brasil. A introdução, também na Europa, de outros gêneros tropicais renderia altos dividendos aos concessionários. Fernando de Noronha era o representante de um consórcio que unia o banqueiro e comerciante alemão Jacob Fugger e o florentino igualmente comerciante e banqueiro Bartolomeu Marchionni. Em 1503, a dupla financiou uma das primeiras expedições de prospecção de negócios ao Brasil, comandada por Gonçalo Coelho. Em 1506, o próprio Fernando de Noronha fez sua expedição. A viagem de Noronha nessa data é particularmente interessante. 

Em 1506, ocorre o Pogrom de Lisboa, conhecido também como Massacre de Lisboa, em que milhares de judeus foram perseguidos e exterminados. Noronha é judeu – filho de uma família conversa, dos chamados de cristãos novos ou marranos. O arrendamento das terras no Brasil, é, certamente, uma tentativa de encontrar uma saída e uma alternativa para seu povo. Em 1511, a famosa nau Bretoa zarpou do Brasil com um carregamento milionário de pau-brasil.