Descubra a vida épica de Fernão de Magalhães, o navegador português que comandou a primeira circum-navegação do globo. Uma história de coragem, traição e descoberta que mudou o mundo para sempre.
Fernão de Magalhães (ou Ferdinand Magellan, como ficou conhecido no mundo hispânico) é um daqueles nomes que ecoam quando falamos da Era das Descobertas. Nascido por volta de 1480 no norte de Portugal, ele foi o responsável pela primeira viagem de circum-navegação completa da Terra – um feito que, na prática, provou que o planeta é redondo e que existia um caminho marítimo para as cobiçadas Ilhas das Especias pelo Ocidente. Se quiser saber mais sobre o contexto em que tudo isso aconteceu, recomendo ler o nosso artigo sobre as Explorações Portuguesas e o Advento do Tráfico de Escravos no Atlântico (c. 1400-1800) e sobre a Descoberta das Américas e Mercantilismo (c. 1492-1750).
Quem foi Fernão de Magalhães? Os Primeiros Anos
Magalhães nasceu em Sabrosa ou Porto, filho de uma família fidalga de poucas posses. Aos 25 anos já navegava para a Índia com a armada de Francisco de Almeida, participando da tomada de Malaca em 1511 ao lado de Afonso de Albuquerque. Ferido em combate no Marrocos, regressou a Portugal mutilado e pediu ao rei D. Manuel I um aumento de tença – foi negado. Ofendido, pediu licença para servir outro soberno. O rei respondeu: “Vá com Deus”. E assim começou a maior aventura da história da navegação.
Se quiser conhecer o rei que o desprezou, veja aqui a página sobre Dom João II (o antecessor) e o contexto da Tomada de Ceuta como Ponto de Partida das expansões portuguesas.
A Proposta a Carlos I de Espanha
Em Sevilha, Magalhães convenceu o jovem Carlos I (futuro imperador Carlos V) de que as Ilhas Molucas – o único lugar do mundo onde cresciam cravinho e noz-moscada – pertenciam, pelo Tratado de Tordesilhas, à coroa castelhana. Mentiu? Um pouco. Mas apresentou um globo (feito pelo cosmógrafo Rui Faleiro) que mostrava claramente um estreito a sul da América. O rei, sedento de especiarias, financiou a Armada de Moluca: cinco naus (Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago) e 270 homens de 10 nacionalidades diferentes.
“Senhor, se não houver estreito, darei a volta pelo polo sul até chegar às Molucas.”
– Fernão de Magalhães ao rei Carlos I
A Travessia do Atlântico e a Revolta no Inverno Patagónico
Em 20 de Setembro de 1519 a armada largou de Sanlúcar de Barrameda. A travessia do Atlântico foi relativamente tranquila, mas ao chegar à costa do atual Brasil (13 de dezembro de 1519), Magalhães decidiu invernar na baía de São Julião (Patagónia). Ali explodiu a primeira grande revolta castelhana contra o comando português. Magalhães sufocou-a com mão de ferro: executou Quesada, abandonou Cartagena numa praia deserta e perdoou 40 amotinados – sabia que precisava de todos os braços.
O Descobrimento do Estreito de Todos os Santos
Em 21 de outubro de 1520, depois de perder o Santiago em reconhecimento, a armada encontrou a entrada do que hoje chamamos Estreito de Magalhães. 38 dias de navegação tensa entre canais, ventos contrários e montanhas cobertas de neve. A San Antonio desertou e voltou a Espanha. Quando finalmente entraram no novo oceano, Magalhães chorou de alegria e chamou-lhe “Mar Pacífico” – porque estava calmo como um lago.
Para entender melhor o contexto da rivalidade ibérica, leia sobre a União Ibérica 1580-1640 e sobre Filipe II da Espanha e D. Sebastião de Portugal.
A Travessia do Pacífico: 98 Dias de Inferno
Aqui começou o pior. Magalhães subestimou a largura do Pacífico. Em vez das duas semanas previstas, levaram quase quatro meses para avistar terra. A comida apodreceu, a água tornou-se imunda, os homens comeram couro, ratos e até serradura. 19 morreram de escorbuto. Quando finalmente chegaram a Guam (6 de março de 1521) e depois às Filipinas (16 de março), estavam reduzidos a fantasmas.
A Morte de Magalhães em Mactan
Em Cebu, Magalhães converteu o rajá Humabon ao cristianismo. Mas o vizinho Lapu-Lapu, de Mactan, recusou-se a submeter-se. Na madrugada de 27 de abril de 1521, Magalhães desembarcou com 60 homens para castigar o rebelde. Foi um erro fatal. Cercados na praia, os europeus foram massacrados por milhares de guerreiros com lanças envenenadas. O próprio Magalhães morreu na água rasa, defendendo a retirada dos seus.
“Quando o viram ferido, avançaram todos contra ele com lanças de ferro e de bambu e espadas, até matarem o nosso espelho, a nossa luz, o nosso conforto e o nosso verdadeiro guia.”
– Antonio Pigafetta, cronista da viagem
A Victoria Completa a Circum-Navegação
Sem Magalhães, a viagem continuou sob o comando de Juan Sebastián Elcano. A Trinidad foi capturada pelos portugueses em Tidore. Apenas a Victoria, com 18 europeus famintos e 4 asiáticos, conseguiu regressar a Sevilha a 6 de setembro de 1522 – três anos e um mês depois da partida. Trouxeram 26 toneladas de cravinho – o suficiente para pagar toda a expedição e ainda gerar lucro.
Foi a primeira prova irrefutável de que a Terra é redonda.
Legado de Magalhães: Entre o Herói Português e o “Traídor”
Em Portugal, Magalhães foi visto durante séculos como desertor. Em Espanha, é celebrado como herói nacional. A verdade está no meio: foi um português que, desprezado pelo seu rei, ofereceu ao mundo uma das maiores façanhas da humanidade.
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Curiosidades que Pouca Gente Sabe
- Dos 270 homens que partiram, só 18 regressaram na Victoria.
- O cronista Antonio Pigafetta escreveu o relato mais detalhado – e foi graças a ele que sabemos quase tudo.
- O Estreito de Magalhães ainda hoje é uma das rotas marítimas mais perigosas do planeta.
- As Ilhas Filipinas receberam esse nome em honra do futuro Filipe II de Espanha.
- O próprio Magalhães nunca completou a circum-navegação – morreu a meio caminho.
Perguntas Frequentes
Quem realmente deu a volta ao mundo primeiro?
Juan Sebastián Elcano e os 17 sobreviventes da Victoria. Magalhães morreu nas Filipinas.
Magalhães era português ou espanhol?
Português de nascimento, serviu Espanha na sua última e maior viagem.
Quantos navios partiram e quantos voltaram?
Partiram 5. Voltou apenas 1 – a nau Victoria.
Onde morreu Fernão de Magalhães?
Na ilha de Mactan, Filipinas, em combate contra o chefe local Lapu-Lapu.
Valeu a pena a viagem?
Financeiramente sim: o cravinho vendido em Sevilha pagou toda a expedição e deu lucro. Historicamente, mudou tudo.
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