Dom João II no Caminho do Paraíso

Dom João II no Caminho do Paraíso

Em 1488, oficialmente, Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança, e teria sido o primeiro a descobrir, para todos os efeitos, a ligação entre os oceanos Atlântico e Índico. Bartolomeu Dias partiu para sua viagem exploratória um ano depois do início da viagem de exploração e espionagem de Pêro da Carvilhã. Esse não foi, certamente, um acaso. A viagem de Bartolomeu Dias não foi um tiro no escuro, pois, obviamente, já partira munido de informações privilegiadas sobre a ligação entre os oceanos e a possibilidade de acessar o Oriente, navegando pela costa ocidental da África.

A viagem, elaborada em sigilo absoluto pelo Rei D. João II, era de reconhecimento, verificação e constatação. O resultado não poderia ter sido mais promissor. As informações enviadas por Covilhã estavam exatas. O alto investimento aplicado na viagem havia sido, enfim, recompensado pela prospecção de Bartolomeu Dias.

Confirmado a caminho alternativo para o Oriente, restava agora o trabalho em três grandes frentes. A primeira delas, estabelecer contato com o reinado do Preste João e firmar com ele uma parceria. Como vimos, essa foi exatamente a ordem enviada por D. João II a Covilhã no Cairo – levada pelos informante judeus – , ou seja, descoberta a informação mais importante (a da existência e de consórcio com Preste João. Ter um parceiro cristão – que conhecia todos os tratos do Oriente – era fundamental para fincar os dentes nas veias abertas de um Oriente tomado por infiéis mouros.

A segunda frente era programar uma grande expedição de reconhecimento, que, na longa duração, teria como objetivo atracar no porto de Sofala, estabelecer contato com os fornecedores e iniciar um trato comercial. A expedição de Bartolomeu Dias e seria comandada por Vasco da Gama. Certamente, entre a viagem de Bartolomeu Dias e a de Vasco da Gama, muitas outras expedições secretas ocorreram a fim de ir marcando o território e abrindo caminho. 

A terceira frente de trabalho era a de inteligência, ou seja, posse de informações decisivas e importantes para os rumos do comércio mundial. O grande desafio de D. João II era manter o sigilo sobre tais informações, sobre a fórmula mágica que descobriria. O fiat lux, o abre-te, Sésamo. O principal objetivo: despistar a concorrência, sobretudo da Espanha, se possível, até mesmo induzindo-a a erro, com informações falsas, desencontrada, plantadas propositalmente com o intuito de confundir. Certamente, D. João II lançou mão deste artifício – a contraespionagem – para salvaguardar seu valiosíssimo segredo. É aqui que a vida e a viagem de Colombo para descobrir a América, em 1492, se tornam um verdadeiro enigma.