Período Monárquico – Canal Fez História https://canalfezhistoria.com/ Faz e Fez História você encontra aqui!! Sun, 22 Jun 2025 21:41:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://canalfezhistoria.com/wp-content/uploads/2025/04/canal-fez-historia-150x150.jpg Período Monárquico – Canal Fez História https://canalfezhistoria.com/ 32 32 Uma Cronologia Sumária do Golpe https://canalfezhistoria.com/uma-cronologia-sumaria-do-golpe/ https://canalfezhistoria.com/uma-cronologia-sumaria-do-golpe/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:41 +0000 https://canalfezhistoria.com/uma-cronologia-sumaria-do-golpe/ O golpe militar que vai instaurar a República no Brasil começa a se desenrolar no dia 9 de novembro de 1889. Na noite desse dia ocorreram dois eventos que representam bem o grau a que havia chegado a polarização da sociedade brasileira iniciada em 1888. De um lado – na ilha Fiscal -, a Monarquia comemorava, junto com toda a burguesia carioca (entre outras coisas), a grande conquista que havia sido a promulgação da Lei Áurea. De outro – no Clube Naval -, militares e alguns civis reuniam-se para conspirar.

O primeiro-ministro do Brasil era Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto. O Marechal Floriano Peixoto, ajudante geral do Exército, era o responsável pela segurança do ministério. Toda a movimentação – pelo menos por parte do Marechal Deodoro da Fonseca – era no sentido de depor apenas o ministério, não atentar contra a Monarquia. A condição, no entanto, para que se iniciasse qualquer motim, exigida por Deodoro, foi a obrigatoriedade da anuência de Floriano Peixoto. No dia 13 de novembro, Deodoro chama Floriano e diz que havia tomado a iniciativa de conspirar contra o ministério e que colocaria em curso, em breve, uma marcha para derrubá-lo. Floriano é imediatamente cooptado a participar do golpe.

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Ventos da Transformação https://canalfezhistoria.com/ventos-da-transformacao/ https://canalfezhistoria.com/ventos-da-transformacao/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:41 +0000 https://canalfezhistoria.com/ventos-da-transformacao/ Embora o censo de 1872, encomendado pelo imperador, tivesse revelado a face de um país ainda predominantemente rural, patriarcal, atrasado economicamente e fortemente dependente da exportação de commodities, nos últimos 20 anos, desde a pequena revolução econômica operacionalizada a partir dos anos 1850, alguma coisa havia mudado. As novas gerações já eram mais cosmopolitas e mais suscetíveis às influências das culturas inglesa e francesa. O Rio de Janeiro estava na vanguarda do país em termos de modernização. A cidade vinha ganhando sistematicamente a abertura de novas ruas e avenidas, calçamento, iluminação a gás, linhas de bonde… Seguindo as tendências da moda europeia (roupas, penteados, perfumes…), abriam-se solares, cassinos, salões de bailes etc. Surgiram confeitarias, charutarias, livrarias, hotéis, teatros, cabarés. Nunca antes o país havia sido envolvido por uma febre de transformações tão intensas como as que ocorreram entre os anos 1850 e 1870. Nesses 20 anos, deu-se início à longa passagem à urbanização e à cultura das cidades. Em um ambiente assim, a vida rural tradicional e a escravidão começaram a sofrer a pressão imensa da mudança. O país se dividiu, desse modo, entre duas mentalidades, que passaram a se hostilizar reciprocamente. Eram dois mundos em guerra permanente. A dinamização do consumo interno aumentou as receitas da Monarquia, cuja renda advinha – o grosso – das exportações de café, o que também mantinha o sistema nas mãos dessa elite. Para a Monarquia, a diversificação econômica e a modernização do país renderiam cada vez mais dividendos. O latifúndio gerava riqueza para poucas famílias. A indústria, o comércio e o trabalho assalariado gerariam mais poder aquisitivo e girariam a roda da economia: quanto maior o mercado consumidor, maior a produção, maiores as vendas, que gerariam mais empregos que gerariam mais consumo e assim infinitamente, na lógica de uma sociedade capitalista liberal. Essa era a geração da Princesa Isabel, que se encontrava relativamente diversificada, mais urbana e já crítica em relação à presença do trabalho escravo. Para a Princesa Isabel, estadista e herdeira do trono, era claro que a Monarquia deveria seguir o fluxo das mudanças e se conectar com o mundo novo.

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Terceira Regencia ou Terceiro Reinado https://canalfezhistoria.com/terceira-regencia-ou-terceiro-reinado/ https://canalfezhistoria.com/terceira-regencia-ou-terceiro-reinado/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:40 +0000 https://canalfezhistoria.com/terceira-regencia-ou-terceiro-reinado/ Entre os anos 1878 e 1881, a Princesa Isabel morou na França, que havia recém-saído da Comuna de Paris em 1871 e onde, portanto, as ideias fervilhavam. Em 1878, houve em Paris a Exposição Universal, em que foram mostradas as novidades do comércio, da ciência e da indústria. No retorno ao Brasil, uma sociedade escravocrata, o anacronismo e o atraso socioeconômico ficaram evidentes. Os anos em Paris foram para a Princesa Isabel o que a estada em Londres havia sido para Mauá, na década de 1840, ou seja, transformadores, sabáticos. Em 1882, ela escampa a ideia dos fundos de emancipação, visando arrecadar dinheiro para comprar e libertar escravos. Em 1885, certamente por meio de sua ação nos bastidores, o imperador promulga a Lei dos Sexagenários.

Em 1887, o imperador sofre um colapso, e a fragilidade de sua saúde é evidente. Fica cada vez mais próximo o período de transição do segundo para o terceiro reinado. Na ocasião, a Princesa Isabel encontrava-se em viagem pela Europa enquanto o imperador adoecia gravemente. Ela retorna e o convence a ir se tratar no Velho Continente. Tem início, nesse momento, a Terceira Regência, a princesa vinha cobrando dos parlamentares uma solução para a questão da escravidão, além de outras demandas, como a melhoria da infraestrutura do país – estradas e portos – e a imigração. Nessa década de 1880, haviam entrado no Brasil mais de 1.500 mil imigrantes oriundos de diversos países. Esses imigrantes ajudariam a construir a economia e a diversidade cultural do país ao longo do século XX. Nesta última década do Império houve também, não por acaso, um aumento significativo no número de estabelecimentos comerciais e industriais no Brasil, sobretudo voltados para a indústria têxtil.

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Um País Dividido ao Meio https://canalfezhistoria.com/um-pais-dividido-ao-meio/ https://canalfezhistoria.com/um-pais-dividido-ao-meio/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:40 +0000 https://canalfezhistoria.com/um-pais-dividido-ao-meio/ Poucas vezes no Brasil se viu uma sociedade tão polarizada como em 1888-1889. O fim da escravidão é um divisor de águas na história do país e talvez o ato mais revestido de sentido de toda a nossa história. O avanço da modernização (a partir de 1850), de um lado, e a resistência das heranças coloniais, de outro, numa espécie de duelo: o pensamento liberal, o industrialismo, o comércio, a vida urbana contra o ruralismo, o latifundiário, o escravismo, o patriarcalismo.

Desse modo, fica claro que, no processo de passagem da Monarquia à República, a questão se restringia a uma disputa pelo poder entre duas elites que estavam se comendo vivas. Percebem-se também nesse processo duas questões presentes na política nacional. A primeira: o povo não foi consultado; e a segunda: as mudanças acontecem no Brasil mediante um conflito ou um acordo entre poderosas elites econômicas que são também donas do poder. O povo fica fora, a tudo assistindo, bestializado.

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O Período Regencial https://canalfezhistoria.com/o-periodo-regencial/ https://canalfezhistoria.com/o-periodo-regencial/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:39 +0000 https://canalfezhistoria.com/o-periodo-regencial/ Entre 1831 e 1840, as regências governaram o país. A verdade é que, nesse período, ele viveu em uma espécie de limbo entre o monarquismo e o republicanismo, e que só se resolverá com o Golpe da Maioridade (23 de julho de 1840), que levará ao fim das regências e à aclamação de D. Pedro II. Até 1834, enquanto D Pedro I estava vivo, o país tinha vivido um estado de espera permanente, o Partido Restaurador lutava para conseguir com que D. Pedro I voltasse ao Brasil. Morto o imperador em 1834, as esperanças se desvaneceram, e o lume das revoltas separatistas reacendeu.

Entre 1835 e 1840, eclodiram vários movimentos sediciosos. A Cabanagem (1838-1841), a Balaiada (1837-1838), a Sabinada (1835 e 1845), a Guerra dos Farrapos, entre outras, pelo menos, 10 revoltas espalharam-se pelo país. Todas elas com um objetivo em comum, além dos objetivos específicos de cada região em que ocorreu: o fim da Monarquia já que o país vivia num regime praticamente republicano). À frente de quase todas as ações repressivas contra essas revoltas estava Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, comandante de uma espécie de tropa de elite do imperador.

Por trás da questão da permanência ou não do regime monárquico estava uma intensa disputa entre os partidos liberal e conservador – nascidos no período regencial – em torno da descentralização político-administrativa, o que levava o país a uma espécie de estagnação. A solução foi o Golpe da Maioridade, que pôs fim às regências e tinha o objetivo de instaurar mais uma vez o consenso em torno da Monarquia.

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O Segundo Reinado no Brasil D Pedro II https://canalfezhistoria.com/o-segundo-reinado-no-brasil-d-pedro-ii/ https://canalfezhistoria.com/o-segundo-reinado-no-brasil-d-pedro-ii/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:39 +0000 https://canalfezhistoria.com/o-segundo-reinado-no-brasil-d-pedro-ii/ Em 1840, com o Golpe da Maioridade, D. Pedro II assume o trono do Brasil aos 15 anos de idade. Já nos anos iniciais, enfrenta seu batismo de fogo, ou seja, teve de contemporizar interesses diametralmente opostos de brasileiros e ingleses. A pressão da Inglaterra para a supressão do tráfico de escravos e para o fim da escravidão no pais se justifica pelo fato de que a substituição do trabalho escravo pelo assalariado abriria um amplo mercado consumidor. Era nessa fatia que os ingleses estavam de olho. Entretanto, havia um problema: justamente os ingleses eram os maiores importadores do café brasileiro, e quanto mais importavam, mais lenha lançavam na fogueira do tráfico negreiro. De outro lado, as maiores fortunas do país, e consequentemente o poder, estavam nas mãos destas duas classes sociais – a de traficantes de escravos e a da oligarquia do café. O imperador não podia nem pensar em mexer nesses dois setores. Qualquer medida que implicasse perdas afiaria a guilhotina.

Em 1845, a Inglaterra aprova a Bill Aberdeen, lei que proibia o tráfico de escravos no Atlântico Sul. A vista grossa do governo brasileiro tornou-se inócua. No ano de 1846, a entrada de escravos no Brasil saltou de 20 para 50 mil; em 1847, para 56 mil; e, em 1848, para 60 mil.

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O Novo Mundo https://canalfezhistoria.com/o-novo-mundo/ https://canalfezhistoria.com/o-novo-mundo/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:38 +0000 https://canalfezhistoria.com/o-novo-mundo/ A partir das grandes mudanças sociais e econômicas em consequências da Lei Eusébio de Queirós, o Brasil viverá um surto desenvolvimentista. Uma verdadeira revolução na diversificação de suas atividades produtivas. Talvez o maior já experimentado desde 1808 (com a chegada da família real portuguesa). Em 1851, o início do movimento regular da constituição de empresas e sociedades anônimas; em 1852, a inauguração da primeira linha teleférica, na cidade do Rio de Janeiro; em 1854, a abertura ao tráfego da primeira linha de estradas de ferro do país, também no Rio de Janeiro. Segundo Sérgio Buarque de Holanda. “o caminho aberto por semelhantes transformações só poderia levar, logicamente, a uma liquidação mais ou menos rápida de nossa velha herança rural e colonial, ou seja, da riqueza que se funda no emprego do braço escravo e na exploração perdulária das terras de lavoura”. A partir desse momento, o incentivo ao comércio, ao desenvolvimento urbano e as profissionais liberais vai criar um novo tipo de elite no país. Com o tempo, essa nova elite passa a rivalizar com a antiga, ruralista, escravocrata, latifundiária, que tomava conta do poder. A história da segunda metade do século XIX no Brasil será, em grande parte, de um lado, a história da ascensão dessa nova elite, de outro, a crise da velha elite brasileira, e a Monarquia no meio, como o fiel da balança.

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O Barão de Mauá https://canalfezhistoria.com/o-barao-de-maua/ https://canalfezhistoria.com/o-barao-de-maua/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:37 +0000 https://canalfezhistoria.com/o-barao-de-maua/ Irineu Evangelista de Souza é um dos personagens mais importantes do Segundo Reinado no Brasil, justamente com o Duque de Caxias. Mauá havia retornado da Inglaterra em 1840, com a cabeça fervilhando de ideias. A Revolução Industrial havia acabado de explodir por lá, e o velho mercantilismo de outrora estava sendo substituído pela indústria e pela produção de bens de consumo. Por todo lado, brotavam fábricas, fundições, estradas de ferro, bancos… Quando chegou ao Brasil, o Barão de Mauá encontrou um país extremamente dependente da exportação de commodities. No decênio 1821-1830, o açúcar respondia por 18,4%. À medida que a economia brasileira vai se concentrando na monocultura cafeeira, o quadro se altera. No decênio 1831-1840, o café passa a responder por 43,8% das exportações brasileiras. No curto e no longo prazos, se o país quisesse tornar-se grande em matéria de negócios, precisava diversificar sua economia.

Na contramão de tudo, Mauá abre 17 empresas em parceria com investidores ingleses. Tinha bancos, estradas de ferro, a maior fábrica do país, uma fundição, uma companhia de navegação, empresas de comércio exterior, mineradores, usinas de gás etc. Em 1867, Mauá era dono da maior fortuna particular do Brasil: cerca de 60 milhões de dólares. O imperador sabia que a economia brasileira deveria iniciar urgentemente um processo de diversificação; os empreendimentos de Mauá abriram os olhos de imperador para novas possibilidades, novos caminhos para a economia brasileira. O Brasil que surge na segunda metade do século XIX será, em grande parte, fruto do trabalho e da imaginação de Mauá.

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O Censo de 1872 https://canalfezhistoria.com/o-censo-de-1872/ https://canalfezhistoria.com/o-censo-de-1872/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:37 +0000 https://canalfezhistoria.com/o-censo-de-1872/ O Censo de 1872, realizado logo após o retorno do imperador de uma viagem à Europa, revelará a verdadeira cara do Brasil no século XIX. Éramos um país atrasado e com enormes desafios a serem vencidos. A escravidão era o principal deles. Na província do Rio de Janeiro havia 292.637 escravos; em São Paulo, 156.612; em Minas Gerais, 370.459; e, na Bahia, 167.824. Outro aspecto da pesquisa revelou o quão a sociedade brasileira ainda era rural e agrícola. As profissões agrícolas venciam disparado qualquer outro tipo de atividade: havia, no país, 3 milhões de trabalhadores ligados ao campo; 19 mil manufaturas; 968 juízes; 1.647 advogados; 493 notários; 1.024 procuradores; 1.619 oficiais de justiça; 1.729 médicos; 238 cirurgiões; 1.392 farmacêuticos; 1.197 parteiras; 3.525 professores; e 10.710 funcionários públicos. Esse quadro revela a dimensão da dependência do país ao campo e o atraso em que se encontrava em relação às nações europeias e aos Estados Unidos, já imbuídos pelo espírito da Revolução Industrial e pelas ideias do liberalismo econômico e político. Outro dado nos revela um quadro assustador: se considerarmos apenas o Rio de Janeiro – que era a capital do Império -, dos 133 mil analfabetos. Esse número aumenta significativamente se considerarmos os habitantes do sexo feminino. Tal catástrofe revela o descaso total com o povo. Na verdade, segundo Darcy Ribeiro, “nunca houve aqui um conceito de povo, englobando todos os trabalhadores e atribuindo-lhes direitos […] a primazia do lucro sobre a necessidade gera um sistema econômico acionado por um ritmo acelerado de produção do que o mercado externo dela exigia […] em consequência, coexistiram sempre uma prosperidade empresarial, que às vezes chegava a ser a maior do mundo, e uma penúria generalizada da população local”.

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IHGB https://canalfezhistoria.com/ihgb/ https://canalfezhistoria.com/ihgb/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:36 +0000 https://canalfezhistoria.com/ihgb/ Com o tempo, políticos liberais e conservadores descobriram que a estabilidade política do país era benéfica para ambas as partes. O aumento gradativo das exportações de café na década de 1840 ia recuperando a combalida economia nacional.

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi o centro irradiador a partir do qual se buscou formatar uma identidade para o Brasil. Essa identidade, no entanto, não passava pela diversidade do país, formada por índios, negros e europeus. Ao contrário, procurou negá-los. No instituto, forjou-se a primeira história do Brasil. Nessa história, a civilização europeia e cristã era o modelo absoluto, em detrimento de toda a diversidade religiosa e cultural que dominava o país, oriunda da miscigenação.

Historiadores do IHGB propunham como saída para o Brasil, no longo prazo, o branqueamento da população. O fim da escravidão e o incremento de políticas de imigração levariam a um processo de branqueamento benefícios para o futuro do país. A principal obra publicada por esse instituto foi História geral do Brasil, de Francisco Adolfo Vanhagen. Sua visão desembocar em outro exemplar dessa fauna eugenista: Raimundo Nina Rodrigues, que, no final do século XIX, escreveu Mestiçagem, degenerescência e crime, em que atribuía aos mestiços uma propensão maior à indolência, ao ócio, à promiscuidade e ao crime. Num país constituído de mestiço, essa era uma condenação geral do povo brasileiro. O desserviço desses senhores será responsável por tornar o Brasil – ainda nos dias de hoje – uma das sociedades mais preconceituosas, excludentes e autoridade do mundo. Para o imperador e para a Monarquia, o que interessava, de fato, era a justificação da permanência do regime monarquia que, como europeia, era o grande agente civilizatório. Vencido o período conturbado (Primeiro Reinado e Regência), de fortes contestações à Monarquia, essas teses caíam como luvas nas mãos dos monarcas, e o IHGB acabou por se tornar uma espécie de agência de marketing do imperador.

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Nasce o Movimento Republicano https://canalfezhistoria.com/nasce-o-movimento-republicano/ https://canalfezhistoria.com/nasce-o-movimento-republicano/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:36 +0000 https://canalfezhistoria.com/nasce-o-movimento-republicano/ O Movimento Republicano nasce em 1871, exatamente porque a elite escravocrata e latifundiária passa a sentir que seu poder político e econômico estava declinando. A orientação política da Princesa Isabel apontava para um norte completamente oposto daquele que até então vicejava. Seu pensamento liberal denunciava que o futuro seria permeado por mudanças profundas. Não só porque ela queria, mas porque a outra elite que despontava – liberal, urbana, voltada para o comércio e a indústria -, à medida que enriquecia, buscaria seu quinhão na disputa pelo poder. Essas duas elites passaram a medir forças e a travar uma batalha pelo poder. Restava à Monarquia definir de que lado estaria.

Uma das características mais importantes do Movimento Republicano era o federalismo. No Manifesto Republicano de 1873, pode-se ler que “no Brasil encarregou-se a natureza de estabelecer o princípio federativo”. O sistema federativo interessava aos paulistas, sobretudo porque, além de reduzir o poder pessoal do imperador, ele significava uma espécie de separação das diversas regiões e províncias brasileiras. Ao contrário do intuito de unir estava o espírito separatista. Era como se, com o federalismo, a província de São Paulo fosse se livrar do resto do Brasil e viver uma vida autônoma. Não é por acaso que, depois da Proclamação da República, o início do regime federalista e o início da República do Café com Leite – em que se alternavam paulistas e mineiros no poder -, o desenvolvimento da Região Sudeste foi infinitamente superior ao do Nordeste, por exemplo.

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Crônica de uma República não Declarada https://canalfezhistoria.com/cronica-de-uma-republica-nao-declarada/ https://canalfezhistoria.com/cronica-de-uma-republica-nao-declarada/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:35 +0000 https://canalfezhistoria.com/cronica-de-uma-republica-nao-declarada/ O imperador foi avisado por telegrama, em Petrópolis, de tudo o que havia ocorrido: o ministério estava deposto e era preciso tomar providências.

Já no Rio de Janeiro, estabeleceu-se, no Paço Imperial, um gabinete para gerir a crise. Estava tudo sob controle, tratava-se apenas de arranjar um primeiro-ministro que fosse simpático nem tanto às Forças Armadas, mas a Deodoro. Este, sim, era um fato novo. A queda ou a troca de ministério era corriqueira, mas nunca havia ocorrido por intervenção de outro que não o imperador.

O ministro deposto – Ouro Preto – indicou ao imperador o nome de Gaspar Silveira Martins, que se encontrava em Santa Catarina. O nome do experiente José Antônio Saraiva era o mais indicado para contornar a crise. Desafeto histórico do Marechal Deodoro, mesmo imediatamente descartado por D. Pedro II, o nome de Silveira Martins para compor o novo ministério foi um divisor de águas na história do golpe republicano.

Alguém do Gabinete de Crise fez com que a mera sondagem em torno do nome de Silveira Martins chegasse aos ouvidos de Benjamim Constant. Ato contínuo, Benjamim – que procurava convencer Deodoro a avançar para além da deposição do ministério e caminhar em direção à República – havia encontrado, enfim, o impulso que faltava para despertar a ira do marechal contra a Monarquia. Em qualquer momento entre a madrugada e a manhã do dia 16 de novembro, Deodoro cedeu às pressões dos republicanos e, por um capricho pessoal, mais do que por uma convicção política, resolveu pela queda da Monarquia e a instauração da República. Não houve revolução nenhuma, o quadro pintado por Benedito Calixto sobre o 15 de novembro de 1889 consegue apenas exprimir com cores idílicas um episódio que, na verdade… não existiu.

A transição da Monarquia para a República no Brasil ocorreu de forma quase imperceptível. Foi uma farsa. Não alterou em nada a rotina do povo, da cidade ou do país. Não passou, portanto, de um arranjo de forças políticas e econômicas que vinham se digladiando desde o 13 de maio de 1888 com o fim da escravidão; essa, sim, uma revolução social.

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A Princesa Isabel Herdeira Presuntiva do Trono https://canalfezhistoria.com/a-princesa-isabel-herdeira-presuntiva-do-trono/ https://canalfezhistoria.com/a-princesa-isabel-herdeira-presuntiva-do-trono/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:34 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-princesa-isabel-herdeira-presuntiva-do-trono/ Desde 1863, quando os Estados Unidos haviam declarado o fim da escravidão, o Brasil tinha se tornado um dos únicos países do Ocidente a tolerá-la, fato que colocava o país e o imperador em situação constrangedora nas relações internacionais. Em 1867, a Junta Francesa para a Emancipação enviou uma carta apelando ao imperador para que resolvesse a questão da escravidão. Na Fala do Trono, o imperador detona uma bomba, “a escravidão no Império não pode deixar de merecer vossa consideração […] provendo-se que sejam atendidos os altos interesses que se ligam à emancipação”. Finda a Guerra do Paraguai (1870), o imperador resolve fazer uma viagem inédita à Europa, deixando para a Princesa Isabel a experiência de sua primeira regência. Com a morte dos filhos varões, restava ao imperador um grande problema em relação à sucessão e, portanto, ao Terceiro Reinado. A princesa enfrentaria, sem dúvidas, o preconceito de gênero na patriarcal sociedade brasileira. Isabel será uma personagem fundamental nos anos finais da Monarquia no Brasil. Como herdeira do trono e nascida em uma época em que a economia brasileira já havia se diversificado, casada com um príncipe francês, de pensamento liberal, a princesa se conectará mais com a elite liberal e citadina, e procurará construir seu reinado – o terceiro – sobre essa base. Com esse alinhamento desde a primeira hora, ela atrairá para si a ira dos conservadores.

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A Lei do Ventre Livre https://canalfezhistoria.com/a-lei-do-ventre-livre/ https://canalfezhistoria.com/a-lei-do-ventre-livre/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:33 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-lei-do-ventre-livre/ A Lei Paranhos, ou Lei do Ventre Livre (1871), será um passo importante e gigantesco, não para os escravos, pois a vida deles, na prática, pouco mudaria, mas para as ambições da princesa. Muito jovem e na ausência do pai, Isabel enfrentou com coragem experientes políticos brasileiros que se opunham energicamente à criação da lei. Muitos deles ligados ao que havia de mais conservador na sociedade brasileira – os fazendeiros escravocratas. Além da polêmica lei, a princesa propôs estabelecer uma corrente de imigração, além de projetar investimentos na construção de estradas, pontes, canais, melhoramento de portos e no estabelecimento de fábricas de diversos gêneros. A intenção era a introdução de 30 mil imigrantes até 1877; 50 mil até 1882; 75 mil até 1887; e 100 mil até 1891. Aqueles que achavam que a princesa iria somente enfeitar o trono do imperador durante suas saisons europeias surpreenderam-se com a capacidade de enfrentamento político de uma jovem de 24 anos. A insistência na questão da imigração estava ligada à necessidade de suprir a demanda de mão de obra, uma vez que, no horizonte da princesa, estava a abolição da escravatura no Brasil. E não era mera especulação: seus opositores tinham um precedente, pois ninguém esquecera ainda que, decorrido um ano, o Conde d´Eu tinha abolido a escravidão no Paraguai.

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A Lei Eusébio de Queirós https://canalfezhistoria.com/a-lei-eusebio-de-queiros/ https://canalfezhistoria.com/a-lei-eusebio-de-queiros/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:33 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-lei-eusebio-de-queiros/ A Lei Eusébio de Queirós (1850), que extinguiu o tráfico de escravos no Brasil, foi fruto de uma astuciosa negociação entre o imperador, políticos ligados a ele, o Barão de Mauá e os traficantes. Para evitar uma crise política que poderia até resultar no fim da Monarquia, o Barão de Mauá operacionaliza a transição de forma magistral. Começa por fundar um banco, chamado Banco do Brasil, em 1851. O BB vai transformar a ruína iminente de uma classe social em uma oportunidade de negócio infinitamente melhor. De traficantes, esses senhores tornaram-se rentistas, agiotas. Livraram-se de um duplo problema que os afligia: o primeiro, econômico, já que, com a intromissão dos ingleses, o tráfico negreiro tornava-se cada vez mais um negócio arriscado e sujeito a prejuízos enormes; o segundo, moral, pois já havia um setor da sociedade que não via com bons olhos a questão da escravidão, que já tinha sido condenada mundo afora. Em tempos nebulosos, a intervenção de Mauá foi mais que cirúrgica; foi providencial. Com esse capital convergindo para as forças produtivas do país, as importações da Inglaterra aumentaram em 57% de 1851 para 1852. As receitas do Tesouro com os impostos de importação saltaram 30% no mesmo período. As duas frentes que pareciam estar a caminho de uma colisão frontal – o imperador e os traficantes de escravos – saíram rindo à toa. E no Brasil, quando o governo e as elites econômicas estão satisfeitos, vive-se no melhor dos mundos possíveis. São Mauá.

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A Constituição de 1824 https://canalfezhistoria.com/a-constituicao-de-1824/ https://canalfezhistoria.com/a-constituicao-de-1824/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:32 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-constituicao-de-1824/ As trocas de favores de todos os lados geraram também os devidos rabos presos. Brasil com Inglaterra, e D. Pedro I com as elites luso-brasileiras. Nesse cenário, qualquer projeto de nação que não atendesse aos interesses desses dois personagens… não passaria.

Sabendo que o osso seria duro de roer, em 1823 o imperador convoca a Assembléia Constituinte. José Bonifácio de Andrada e Silva, seu aliado desde a primeira hora, apresenta um projeto ousado para a realidade político-econômica do país: uma lei que extinguia o tráfico de escravos. A elite brasileira – os donos do poder – era constituída, em sua maioria, por homens que viviam do negócio com escravos. Fortemente pressionado pelo fisiologismo dessa elite, D. Pedro I dissolve a Assembléia Constituinte. A Constituição, que seria promulgada, foi outorgada. Péssimo começo e sinal inequívoco de que a independência não havia passado de um episódio que atendera mais aos interesses ingleses do que a uma vontade nacional. Havia ainda um longo caminho pela frente a ser percorrido em direção à construção de uma nação. Fato é que, desde a independência, tudo estava transcorrendo num espírito de unidade de vistas até o momento da dissolução da Constituinte. O ato vai dividir o país. De um lado, comerciantes portugueses que apoiaram incondicionalmente o imperador, e, de outro lado, brasileiros que se sentiram traídos. Explode na província de Pernambuco e Confederação do Equador. O país independente será, em vários aspectos, apenas um prolongamento do Brasil colonial.

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A Guerra do Paraguai https://canalfezhistoria.com/a-guerra-do-paraguai/ https://canalfezhistoria.com/a-guerra-do-paraguai/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:32 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-guerra-do-paraguai/ Em 1864, tem início a Guerra do Paraguai. A disputa girava em torno da questão de o país não ter saída para o mar. Era, inicialmente, um conflito bélico entre a Tríplice Aliança – Brasil, Argentina e Uruguai – e o Paraguai com suas ambições expansionistas. Mas, para o Brasil e para o Imperador D. Pedro II particularmente, havia um elemento importante da política interna no contexto da guerra: o momento em que o imperador vai procurar firmar seu genro, o Conde d´Eu, na política brasileira. Muito inseguro com a herdeira do trono, a jovem Princesa Isabel, o Imperador queria tornar a figura do Conde d´Eu palatável para a elite política brasileira que não digeria o fato de ele ser francês e ter um pensamento liberal. Em 1869, Caxias toma Assunção. O presidente do Paraguai (para os brasileiros, um tirano sanguinário), Solano López, havia fugido, mas, mesmo assim, existia uma pressão enorme para que a guerra fosse encerrada. O próprio Caxias se desligou do comando das tropas. A guerra se encerraria um ano depois, em maio de 1870, com a morte de López e o Exército brasileiro sob o comando de Gastão de Orléans e Bragança, o Conde d´Eu.

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A Abdicação de D. Pedro I https://canalfezhistoria.com/a-abdicacao-de-d-pedro-i/ https://canalfezhistoria.com/a-abdicacao-de-d-pedro-i/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:31 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-abdicacao-de-d-pedro-i/ Em 1826, morre, em Portugal, D. João VI. Esse fato cria uma situação constrangedora para D. Pedro I, pois o imperador era o herdeiro do trono português. Assumir os dois tronos significava um retrocesso. Em Portugal, exigia-se que D. Pedro I assumisse o trono. No Brasil, que a situação fosse imediatamente resolvida. Em 1831, os fatos se precipitam. Retornando de uma série de viagens pelas províncias, onde havia sondado o espírito de dissidência, o imperador é recebido no Rio de Janeiro com aplausos e vaias. A polarização dos espíritos levou inevitavelmente ao conflito que ficou conhecido como Noite das Garrafadas.

Se o 7 de setembro de 1822 marca a independência do Brasil, e 7 de abril de 1831 marca uma renovação (ou refundação) do processo independentista. Nesse dia, D. Pedro I assina a abdicação ao trono e parte para Portugal com o intuito de apagar o incêndio por lá, deixando o filho, D. Pedro II, de apenas cinco anos, como seu sucessor. Até que reunisse condições para governar, o país seria governado por uma regência. Mas o que parecia uma revolução – a abdicação de D. Pedro I em consequência do clamor popular -, logo mostrou sua cara e seu objetivo maior, ou seja, começar, o regente era o Coronel Francisco de Lima e Silva, homem de confiança de S. Pedro I. Segundo, tem início um esforço de fabricar um consenso em torno do que Evaristo Veiga, do jornal Aurora Fluminense, chamou de “uma assombrosa revolução”.

Nada havia mudado; havia muitos interesses em jogo. O tráfico de escravos (e a escravidão) permanecera e, consequentemente, o poder seguia nas mãos das elites rurais produtoras de café. O projeto de D. Pedro I era retornara ao Brasil – assim que pudesse dar jeito na situação em Portugal – para reassumir o trono. Contudo, sua morte inesperada, em 1834, pôs fim a esse planejamento.

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A Confederação do Equador https://canalfezhistoria.com/a-confederacao-do-equador/ https://canalfezhistoria.com/a-confederacao-do-equador/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:31 +0000 https://canalfezhistoria.com/a-confederacao-do-equador/ O absolutismo de D. Pedro I no episódio do fechamento do Congresso e do aborto à Constituição foi um desastre. Não poderia haver atitude mais na contramão dos acontecimentos mundo afora do que essa. O absolutismo estava sob forte contestação. As províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba rebelaram-se contra o imperador.

Já em 1817, como vimos, com a Revolução Pernambucana, as províncias do Nordeste tentaram romper relações com o Rio de aneiro numa revolta antimonarquista e também com forte viés separatista. O imperador, na falta de uma marinha organizada, contrata o pirata e mercenário inglês Thomas Cochrane para fazer o cerco por mar aos revoltosos. Por terra seguiu o fiel escudeiro do imperador, o Comandante Francisco de Lima e Silva.

Nassa nova investida contra as províncias do Nordeste – que já haviam sido invadidas por Cochrane em 1822 – que, mais uma vez, se rebelaram contra o golpismo e o absolutismo de D. Pedro I, Cochrane usou os mesmos procedimentos: a violência e o saque. Frei Caneca – que já havia sido poupado em 1817 – era um dos líderes do movimento de 1824 e foi fuzilado em praça pública. Cochrane, regiamente pago por D. Pedro I, recebeu cerca de 40 mil libras esterlinas, fora o incontável resultado dos saques que fez. Para esse homem que massacrou brasileiros, o imperador deu a honraria da Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul. Por essas e outras é que a batata do imperador estava assando.

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15 de Novembro https://canalfezhistoria.com/15-de-novembro/ https://canalfezhistoria.com/15-de-novembro/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:30 +0000 https://canalfezhistoria.com/15-de-novembro/ Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, a tal marcha para derrubar o ministério se inicia no Campo de Santana. Deodoro encontrava-se muito doente e só se apresenta na última hora. Sem ele, a marcha simplesmente não se realizaria. Quando chega ao quartel-general onde todo o ministério estava reunido, a marcha é recebida como se fosse um desfile cívico.

Não houve qualquer resistência. Pudera! Á frente vinha um mito, um veterano de Guerra do Paraguai, o homem mais importante das Forças Armadas no Brasil depois da morte de Duque de Caxias. Os jovens que haviam há pouco assentado praça e guardavam os portões do quartel bateram continência para o marechal e lhe franquearam a entrada quando a ordem era barrá-lo.

O primeiro-ministro Ouro Preto exasperou-se com a facilidade com que Deodoro, então – cara a cara com Ouro Preto -, anuncia que aquele ministério estava demitido; porém, faz questão de dizer que, “quanto ao imperador, tem minha dedicação, sou seu amigo, devo-lhe favores, seus direitos serão respeitados e garantidos”. Para Deodoro, a missão se encerrava ali. Ministério deposto, Monarquia intocada a vida que segue.

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13 de Maio de 1888 https://canalfezhistoria.com/13-de-maio-de-1888/ https://canalfezhistoria.com/13-de-maio-de-1888/#respond Sun, 22 Jun 2025 20:59:29 +0000 https://canalfezhistoria.com/13-de-maio-de-1888/ No início de 1888, a Princesa Isabel aceita o pedido de demissão do Barão de Cotegipe, primeiro-ministro do Brasil e forte opositor à ideia do fim da escravidão. É convocado para seu lugar João Alfredo Correia de Oliveira, com quem a princesa já havia trabalhado em sua Primeira Regência (1871) e quando fizeram passar a Lei de Ventre Livre. No dia 1º de abril de 1888, a princesa organiza uma festa em Petrópolis para libertar escravos comprados com o fundo de emancipação. Era o ensaio geral.

No dia 3 de maio de 1888, durante a Fala do Trono, discurso que abre os trabalhos da Câmara e do Senado, a princesa deixou claro que aquele seria um ano decisivo na questão da escravidão, ao dizer, “a extinção do elemento servil é hoje uma aspiração aclamada por todos”. Na Câmara, o projeto foi votado e aprovado entre os dias 8 e 10 de maio. No Senado, o projeto foi votado e aprovado entre os dias 11 e 13 desse mês. A lei é composta de dois artigos diretos e retos:

Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.

Esse projeto da Princesa Isabel não significa apenas o fim da escravidão no Brasil; seu significado é muito mais profundo. Passamos a viver nesse momento, segundo palavras de Sérgio Buarque de Holanda, entre duas eras, uma definitivamente morta e outra que lutava por vir à luz. A questão que colocamos é a seguinte: caso a Lei Áurea tivesse previsto a indenização para os proprietários de escravos, que seriam despojados dos seus bens, teriam eles conspirado para o fim da Monarquia e para a Proclamação da República?

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