Período Colonial – Canal Fez História https://canalfezhistoria.com/ Faz e Fez História você encontra aqui!! Sun, 04 May 2025 17:47:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://canalfezhistoria.com/wp-content/uploads/2025/04/canal-fez-historia-150x150.jpg Período Colonial – Canal Fez História https://canalfezhistoria.com/ 32 32 Os Portugueses Compram o Nordeste https://canalfezhistoria.com/os-portugueses-compram-o-nordeste/ https://canalfezhistoria.com/os-portugueses-compram-o-nordeste/#respond Sun, 04 May 2025 17:47:21 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7357 Fechar o cerco ao Brasil era apenas a primeira frente. A segunda era tentar resgatar as relações com os judeus holandeses. Desde o início da União Ibérica, os holandeses buscaram transferir para outra região a produção do açúcar e escolheram para isso as Antilhas, cujos clima e produtividade eram muito parecidos com os do Brasil.

Coube ao Padre Antônio Vieira a difícil missão de tentar retomar a relação com os sefarditas. Desde a sua vinda para a metrópole, em 1641, o padre vinha difundindo suas idéias. Em 1643, escreveu a “Proposta feita a El-Rei D. João IV em que se lhe representava o miserável estado do Reino e a necessidade que tinha de admitir os judeus mercadores que andavam por diversas partes da Europa”. A proposta foi divulgada em impresso, mas foi mandada recolher pelo Santo Ofício.

O Padre Vieira procura, por meio da anuência de D. João IV, atrair os judeus sefarditas, espalhados pela Europa, para Portugal, porque com eles retornaria também o capital de que Portugal tanto precisava. De outro lado, a restauração portuguesa herda o problema da invasão holandesa no Nordeste brasileiro. A questão era: como expulsar os holandeses do Brasil para manter a soberania, sem arrumar uma guerra contra a Holanda e sem espantar a colônia judaica?

Em 1645, Maurício de Nassau retorna à Holanda abrindo espaço para a conquista do Nordeste brasileiro. Entre 1646 e 1648, eclode na região uma série de revoltas e ataques aos holandeses, que culminarão com a sua expulsão definitiva em 1654. 

A reconquista do território, no entanto, não teria sido assim tão gloriosa. Portugal – com o intuito de não se indispor com os donos do capital que desejava atrair de volta a Lisboa – compra o Nordeste dos holandeses mediante pagamento de uma indenização de cerca de 4 milhões de cruzados, o que equivalia a mais de 60 toneladas de ouro. Quem a financiou foi Duarte Silva, rico empresário português, judeu. Para a Holanda foi um excelente negócio, pois já havia transferido boa parte de sua produção para as Antilhas.

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Os Interesses Ingleses https://canalfezhistoria.com/os-interesses-ingleses/ https://canalfezhistoria.com/os-interesses-ingleses/#respond Sun, 04 May 2025 17:45:51 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7354 Os interesses ingleses no Brasil eram óbvios, pois quando se fala em Revolução Industrial fala-se em algodão. Entre 1780 e 1830, a manufatura do algodão foi o motos da primeira fase da industrialização na Inglaterra. Em 1806, o bloqueio continental, imposto por Napoleão, dificultou o comércio inglês no porto de Lisboa, até então o intermediário entre o algodão brasileiro e os compradores ingleses, bom como a Guerra de Independência dos Estados Unidos dificultou a comercialização do algodão na América do Norte. Exasperados e na iminência de verem o progresso da Revolução Industrial paralisado ou comprometido pela crise no fornecimento de matéria-prima, não por acaso os ingleses convencem a família real portuguesa a vir para o Brasil em 1808. A cordialidade dos ingleses em escoltá-la tem, no fundo, um viés profundamente pragmático, ou seja, resolverá seu problema de acesso à matéria-prima produzida no Brasil, uma vez que o algodão será comercializado e embarcado diretamente dos portos da Colônia, eliminado a intermediação dos comerciantes portugueses, que monopolizavam o comércio, e o inconveniente das obstruções napoleônicas.

Com o tratado de 1810, a taxa de importação, de 24%, para todas as nações (Portugal incluído) será de apenas 15% para a Inglaterra – o que, na realidade, significava praticamente a concessão de um monopólio e o fim do exclusivismo comercial. Com isso os ingleses passam a negociar livremente nos portos do Brasil com fortes desvantagens para os comerciantes de algodão brasileiros e lusos estabelecidos na província, sobretudo do Maranhão, o grande produtor. 

Entre os anos de 1812 e 1821, o Maranhão exportou quase toda a sua produção para a Inglaterra. Foram 50.108 sacas, por exemplo, em 1813, quase 90% da produção anual. Na transição entre o final da extração do ouro e o auge da produção do café – que ocorrerá a partir da década de 1830 -, o algodão foi o grande produto de exportação brasileiro. Por isso, em 1822, quando o Brasil rompeu com Portugal, nessas regiões produtoras de algodão levantaram-se movimentos separatistas e, por causa dos interesses ingleses, tais movimentos foram violentamente reprimidos.

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O Terceiro Milagre Brasileiro – O Café https://canalfezhistoria.com/o-terceiro-milagre-brasileiro-o-cafe/ https://canalfezhistoria.com/o-terceiro-milagre-brasileiro-o-cafe/#respond Sun, 04 May 2025 17:41:10 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7345 Mas em meio ao caos iminente, um produto, que vinha até estão sendo cultivado apenas para consumo interno e que ganhava cada vez mais importância no paladar europeu, chamou a atenção de todos: o café. Em 1779, o país exportara para Lisboa 79 arrobas. Em 1796, menos de 20 anos depois, o volume de exportação já era de 8.495 arrobas e, no ano de 1806, atingiu a cifra astronômica de 82.245 arrobas. Nascia ali, das cinzas da mineração, o terceiro milagre brasileiro: o ciclo do café, que perduraria até a crise de 1929.

A produção de café tem início no Rio de Janeiro – a atual Floresta da Tijuca já foi um enorme cafezal – e ao longo de todo o vale do Paraíba. O esgotamento das terras faz com que as plantações migrem, até encontrar o interior de São Paulo, no sentido oeste, na região de Campinas, seu segundo período de expansão. A cidade de São Paulo, que até então não tinha a mesma importância das cidades do Nordeste e do Rio de Janeiro, passa a se desenvolver num ritmo acelerado.

As fazendas de café se organizavam da mesma forma que as fazendas produtoras de açúcar do Nordeste: latifúndio, monocultura e trabalho escravo. Essas fazendas eram uma espécie de mundo em miniatura, com suas próprias regras, onde se encontrava de tudo e vivia-se num relativo isolamento em relação ao restante do país. 

A importância maior do deslocamento do grosso da produção do café para São Paulo é que uma poderosa aristocracia se formava na província. Depois dos senhores de engenho e dos mineradores, surgiram os grandes barões do café. O século XIX será o século do café no Brasil, e o poder econômico fará com que essa aristocracia cafeeira se torne, com o tempo, a elite social e política do país.

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O Segundo Milagre Brasileiro – O Ouro https://canalfezhistoria.com/o-segundo-milagre-brasileiro-o-ouro/ https://canalfezhistoria.com/o-segundo-milagre-brasileiro-o-ouro/#respond Sun, 04 May 2025 17:39:51 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7342 No final do século XVII, empobrecida, a Colônia portuguesa se justificava cada vez menos, pois a manutenção das terras demandava enormes recursos. Quando Portugal procurava, ainda desnorteado, reorganizar-se, resolvendo todos os quiproquós que haviam restado finda a união forçada, eis que, em 1696, em Minas Gerais, bandeirantes paulistas descobrem as primeiras jazidas auríferas. Como era de esperar, os ânimos de Portugal em relação à Colônia se reacendem, e as políticas de restrição da metrópole com o trânsito de pessoas se avolumam. Todas as demais atividades que até então estavam sendo exploradas são abandonadas e, desprezadas, acabam entrando em decadência. A contrapartida necessária da ascensão da mineração, para Portugal, parece ter sido o desleixo com a produção da cana-de-açúcar, que, embora a cada ano se tornasse mais deficitária, ainda rendia dividendos.

A mineração de metais preciosos tornou-se, no Setecentos, a atividade central da política de exploração do Brasil. Só então a metrópole estende a essas regiões um poder institucional e uma base político-administrativa com a criação de Capitanias, como a de São Paulo e depois da própria Minas Gerais, com suas câmaras municipais, seus provedores-mores etc., com o intuito mesmo de intensificar a política tributária.

A descoberta das minas em várias regiões brasileiras e a exploração aurífera vão dinamizar a economia colonial e, consequentemente, a economia lusitana. Em 1699, Portugal levou 725 quilos de ouro; em 1701, foram 1.785; em 1703, 4.350; em 1712, 14.050; e, em 1720, 25 mil. Desde a Restauração, no entanto, Portugal vinha desenvolvendo um dependência político-econômica cada vez maior com relação aos ingleses. Era a Inglaterra que, em troca do livre-comércio com as colônias portuguesas, protegia Portugal das constantes tentativas de restauração da União Ibérica, por parte da Espanha. 

Como consequência do Tratado de Methuem, em 1703, não por acaso época em que as minas passam a render importantes dividendos para Portugal, a relação de dependência para com a Inglaterra se acentua. Grande parte do ouro auferido na exploração das minas vai para lá. É esse processo de capitalização dos comerciantes e banqueiros ingleses que impulsionará o início da Revolução Industrial, em 1760. A partir de 1783, as minas começam a surgem os primeiros sinais de exaustão. Por essa época também o mundo já havia mudado, e as mudanças chegariam ao Brasil. Em 1776, a independência dos Estados Unidos e, em 1789, a Revolução Francesa abalaram os alicerces dos sistema colonial que entrou em crise. No Brasil, no mesmo ano de 1789, inspirados pelos ideais franceses, explode a Inconfidência Mineira.

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O Processo de Independência https://canalfezhistoria.com/o-processo-de-independencia/ https://canalfezhistoria.com/o-processo-de-independencia/#respond Sun, 04 May 2025 17:35:15 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7339 Em 1815, morre a rainha de Portugal, D. Maria I, e o Príncipe D. João assume o trono. Decide e elevar o o Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves. No mesmo ano, Napoleão é derrotado na Batalha de Waterloo. A quebra do monopólio de comércio nos portos do Brasil em favor da Inglaterra, assinado em 1810 por D. João, havia irritado profundamente os comerciantes portugueses em Lisboa. Não era para menos, já que dois terços das transações comerciais de Portugal com os países europeus eram de produtos oriundos da Colônia.

Entre 1817 e 1820, explode em Portugal a Revolução Liberal. Os ânimos se exaltaram, falava-se até em supressão da Monarquia. Em 1821, com o pescoço praticamente na guilhotina, o Rei D. João VI resolve voltar para Portugal.

A partir do momento que a Corte portuguesa vem ao Brasil com mais de 10 mil pessoas, e aqui já havia permanecido por 10 anos, muitos não queriam mais voltar. Haviam adquirido patrimônio, aberto negócios, constituído família e se imiscuído na vida social do país. Já havia aqui uma classe estabelecida de comerciantes – portugueses e brasileiros -, que auferiam grandes lucros no comércio com a Inglaterra. É com o retorno da Corte para Portugal, os comerciantes lusitanos exigiam também que o pacto colonial – ou seja, o monopólio do comércio com o Brasil – fosse restabelecido. Essa queda de braço entre Colônia e metrópole vai redundar no processo de independência.

Em 7 de setembro de 1822 – fortemente pressionado pelas elites brasileiras, de um lado, e pelas portuguesas, de outro lado -, D. Pedro decide-se por afrontar Portugal e declara a independência do Brasil. Esse ato heroico com direito a brado retumbante às margens do Ipiranga, no entanto, só foi possível, é claro, com o respaldo da Inglaterra, que intimidou qualquer reação de Portugal, além de, logicamente, ter pago 2 milhões de libras esterlinas a título de indenização a Portugal. Dinheiro emprestado ao Brasil pela Inglaterra. Outros empréstimos seriam realizados: em 1825, 3 milhões de libras; em 1829, 400 mil; em 1839, 312 mil; em 1843, 732 mil; em 1852, 1.052 milhão. Todos empréstimos tomados junto aos brancos ingleses comandados pelos Rotschild. 

Enquanto os meninos aqui no Brasil brincavam no playground da emancipação política, os pragmáticos ingleses preparavam as faturas. Em 1827, por exemplo, condicionaram o reconhecimento da independência do Brasil à renovação dos tratados de livre-comércio assinados entre 1808 e 1810. Pode-se dizer que o Brasil se livrou dos portugueses, mas caiu nas garras dos ingleses.

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O Brasil do Início do Século XIX https://canalfezhistoria.com/o-brasil-do-inicio-do-seculo-xix/ https://canalfezhistoria.com/o-brasil-do-inicio-do-seculo-xix/#respond Sun, 04 May 2025 17:26:10 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7330 O Brasil do século XIX é um paquiderme que caminha lentamente, de forma anacrônica, obsoleta e decadente em relação às grandes transformações pelas quais passava o mundo ocidental. O século XIX surge sob o signo do progresso e da industrialização. No Brasil, em 1785, na contramão desse progresso, mas atendendo às exigências da Inglaterra, Portugal manda extinguir todas as manufaturas têxteis do país, condenando-o a se tornar um mero fornecedor de matéria-prima. É esse o papel que caberá ao país no intenso jogo da divisão internacional do trabalho. 

Esse tipo de decisão condicionou a formação econômico do país, sempre voltada para o viés primário exportador. Perdera o bonde da história, e um processo robusto de industrialização na Brasil só ocorreria a partir dos anos 1930, quando já éramos a periferia do capitalismo internacional. No início do século XIX, segundo Caio Prado, “o antigo sistema fundado no pacto colonial e que representa o exclusivismo do comércio das colônias para as respectivas metrópoles entra em declínio”. Foi essa transformação econômica fundamental que perdemos na passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial, quando, seguindo os desideratos da Inglaterra, optamos por fechar nossas indústrias e nos contentamos com a produção e fornecimento de matéria-prima.

O avanço do capitalismo industrial sobre o capitalismo meramente comercial só se viabilizou mediante a superação de todo e qualquer tipo de monopólio. Desse modo, o regime colonial, vigente no Brasil até 1822, foi um enorme obstáculo ao desenvolvimento, e suas consequências se estenderam no tempo para além da independência, pois a interferência da Inglaterra no destino do país se estenderá até, pelo menos, 1850.

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Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB https://canalfezhistoria.com/instituto-historico-e-geografico-brasileiro-ihgb/ https://canalfezhistoria.com/instituto-historico-e-geografico-brasileiro-ihgb/#respond Sun, 04 May 2025 17:22:46 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7324 Com o tempo, políticos liberais e conservadores descobriram que a estabilidade política do país era benéfica para ambas as partes. O aumento gradativo das exportações de café na década de 1840 ia recuperando a combalida economia nacional. 

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi o centro irradiador a partir do qual se buscou formatar uma identidade para o Brasil. Essa identidade, no entanto, não passava pela diversidade do país, formada por índios, negros e europeus. Ao contrário, procurou negá-los. No instituto, forjou-se a primeira história do Brasil. Nessa história, a civilização europeia e cristã era o modelo absoluto, em detrimento de toda a diversidade religiosa e cultural que dominava o país, oriunda da miscigenação. 

Historiadores do IHGB propunham como saída para o Brasil, no longo prazo, o branqueamento da população. O fim da escravidão e o incremento de políticas de imigração levariam a um processo de branqueamento benéfico para o futuro do país. A principal obra publicada por esse instituto foi História geral do Brasil, de Francisco Adolfo Varnhagem. Sua visão vai desembocar em outro exemplar dessa fauna eugenista: Raimundo Nina Rodrigues, que, no final do século XIX, escreveu Mestiçagem, degenerescência e crime, em que atribuía aos mestiços uma propensão maior à indolência, ao ócio, à promiscuidade e ao crime. Num país constituído de mestiços, essa era uma condenação geral do povo brasileiro.

O desserviço desses senhores será responsável por tornar o Brasil – ainda nos dia de hoje – uma das sociedades mais preconceituosas, excludentes e autoritárias do mundo. Para o imperador e para a Monarquia, o que interessava, de fato, era a justificação da permanência do regime monárquico que, como europeia, era o grande agente civilizatório. Vencido o período conturbado (Primeiro Reinado e Regência), de fortes contestações à Monarquia, essas teses caíram como luvas nas mãos dos monarcas, e o IHGB acabou por se tornar uma espécie de agência de marketing do imperador.

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Filipe II da Espanha e D. Sebastião de Portugal Os Donos do Mundo https://canalfezhistoria.com/filipe-ii-da-espanha-e-d-sebastiao-de-portugal-os-donos-do-mundo/ https://canalfezhistoria.com/filipe-ii-da-espanha-e-d-sebastiao-de-portugal-os-donos-do-mundo/#respond Sun, 04 May 2025 17:21:31 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7321 No dia 2 de janeiro de 1554, morre D. João II, o herdeiro do trono português, 15 dias antes do nascimento de seu filho, Sebastião. Três anos depois, em 11 de junho de 1557, morre o Rei D. João III, avô de Sebastião, tornando-se seu herdeiro e rei de Portugal uma criança de três anos de idade. Para Filipe II da Espanha, essa sucessão interessava muitíssimo. Ele era o primo de D. Sebastião, e, caso o menino não pudesse assumir, eram grandes as chances de ele se tornar rei também de Portugal. Tornar-se rei de Portugal, para Filipe II, era unificar o negócio da prata, das especiarias do Oriente, do açúcar e dos escravos, e se tornar, assim senhor do Império Mongol de Gêngis Khan, por volta do ano 1222. Surge daí a conspiração para derrubar D. Sebastião e unificar a península Ibérica.

A oportunidade surge em 1578, quando Mulei Mohammed, que estava no governo do Marrocos e foi expulso pelo tio Al-Malik, procura Filipe II para fazer uma aliança e retomar o poder.

Mas Filipe II nega a ajuda. Mulei Mohammed segue, então, para Portugal em busca do apoio de D. Sebastião, que, aventureiro, topa a parada. Jovem e inexperiente, D. Sebastião parte em busca do apoio de Filipe II, que consente, apenas da boca para fora, em ajudá-lo.

Nas Batalhas de Alcácer-Quibir, em 1578, Filipe II se livra dos três personagens dessa conspiração que mais tarde poderia comprometer sua governança. Morrem na batalha Mulei Mohammed, Al-Malik e D. Sebastião. Filipe II não poderia ter sido mais pragmático. Nem Maquiavel teria imaginado um príncipe assim. Eliminados os três empecilhos, era hora de conquistar o mundo. Em meio ao torpor no qual Portugal estava imerso com a perda de D. Sebastião, o país seria uma presa fácil. Em 1580, Filipe II anula qualquer resistência e anexa Portugal. É o início da União Ibérica. Com essa cartada genial, o falido reino da Espanha consegue uma enorme vitória: torna-se, nada mais, nada menos, senhor das rotas mais lucrativas do comércio mundial. O interesse da Espanha em anexar Portugal tem a ver com a transição de todo o arcabouço do comércio mundial – como vimos – do Mediterrâneo para o Atlântico. 

Os holandeses estavam em guerra com a Espanha pela emancipação de seus territórios na Europa e eram parceiros de Portugal no consórcio para produção do açúcar no Brasil. Com a União Ibérica, os holandeses encontraram a brecha de que precisavam para tirar os portugueses do negócio, invadir o Brasil e se apoderar do que havia de mais lucrativo no mundo depois das especiárias: o açúcar e o tráfico de escravos.

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As Bandeiras e as Monções https://canalfezhistoria.com/as-bandeiras-e-as-moncoes/ https://canalfezhistoria.com/as-bandeiras-e-as-moncoes/#respond Sun, 04 May 2025 17:17:54 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7316 A única vantagem da União Ibérica – para o Brasil, não para Portugal – é a permissividade, característica desse período, em relação às incursões ao interior do continente. Os portugueses se apegaram às áreas litorâneas produtoras de açúcar e até proibiram, em 1549, com Tomé de Souza, as incursões ao interior. Segundo Frei Vicente de Salvador, os portugueses arranhavam a costa do Brasil como caranguejos.

Diferentemente da colonização portuguesa, a espanhola tinha, aliás, como característica a exploração das terras do interior, entre outros aspectos. Um deles a fundação de cidades urbanisticamente organizadas; outro, a criação de universidades. Em 1538, por exemplo, poucos anos após o descobrimento da América, funda-se a Universidade de São Domingos, a de São Marcos, em Lima, e a da Cidade do México, em 1551. No Brasil, as primeiras universidades só surgiriam no século XX.

Segundo Sérgio Buarque de Holande, a interiorização da colonização no Brasil só foi possível com a consistência do couro, não a do ferro, ou seja, dobrando-se, ajuntando-se a todas as asperezas do meio. Com esse processo de interiorização, o país começou a ganhar traços característicos. De forma espontânea, começou a desenhar-se nesse período o território brasileiro tal qual o conhecemos hoje, com sua dimensão continental – bem como a imagem do povo brasileiro, oriunda da miscigenação de africanos, indígenas e europeus, que, segundo Darcy Ribeiro, se desindianizavam, desafricanizavam e deseuropeizavam, e formavam um povo novo, tanto do ponto de vista biológico como cultural. 

Outro aspecto importante de tais incursões é que essas andanças serão responsáveis por criar uma imensa rede de comunicação pelo país. As bandeiras eram expedições que seguiam abrindo caminhos e estradas por terra, e as mais importantes foram as comandadas por Fernão Dias, Bartolomeu Bueno da Silva, Domingos Jorge Velho e Raposo Tavares. Outro tipo de expedição era a fluvial, que seguia, portanto, desbravando o território ao longo dos rios. Era conhecida como monções porque ocorria apenas nos períodos mais propícios à navegação, respeitando a natureza dos rios, cheio e vazante. Essas expedições fluviais descobrira, por exemplo, o que hoje é a hidrovia Tietê-Paraná, que interliga as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Ambos os tipos de expedições serão importantíssimos para a unificação, expansão e consolidação do território. Nesse sentido, ao chegar ao final a União Ibérica, o Brasil já será outro. Mas o aspecto mais importante nesse período da União Ibérica e desse processo de avanço em direção ao interior do continente (único positivo para Portugal) será a descorta do ouro. Esse ouro se tornará a salvação da pátria portuguesa depois que a União Ibérica acabou com o negócio do açúcar.

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A Vinda da Família Real Portuguesa https://canalfezhistoria.com/a-vinda-da-familia-real-portuguesa/ https://canalfezhistoria.com/a-vinda-da-familia-real-portuguesa/#respond Sun, 04 May 2025 17:15:15 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7313 Quando Napoleão invadiu a Espanha e Portugal entre os anos 1807 e 1808, toda a América espanhola aproveitou a oportunidade para libertar-se da colonização. A Argentina o fez em 1816; o Chile, em 1817; a Colômbia e a Venezuela, em 1819; e o Peru, em 1821. A Inglaterra, principal potência econômica e bélica do século XIX, reconheceu imediatamente a independência desses países, principalmente porque lhe interessava ampliar as possibilidades de negócio. Com o Brasil – única colônia Portuguesa – deu-se algo inusitado: a Coroa migrou para cá com todo o seu entourage.

Os movimentos internos de contestação (a exemplo da Inconfidência Mineira, de 1789) não foram suficientes para despertar o sentimento de independência no Brasil. Por ter escoltado a Coroa portuguesa, a Inglaterra ganhou de presente do Príncipe D. João a chamada Abertura dos Portos às Nações Amigas, lei promulgada em 28 de janeiro de 1808. A abertura dos portos é o ato mais pleno de significado para o Brasil, pois, ao franqueá-lo ao comércio internacional livremente, D. João destruía, assim, com uma canetada, todo o esquema colonial que havia surgido na época da Restauração (1640) e que era a base dos domínio colonial português e da própria razão de ser da Colônia, que era o exclusivismo comercial.

Quando, em 1809, Napoleão é vencido e seus exércitos deixam Portugal, passa-se por lá a se exigir que a ordem anterior seja restaurada e restabelecida, ou seja, o monopólio comercial entre Portugal e Brasil. Para a Inglaterra – quem mais se beneficiou com a abertura dos portos -, o exclusivismo comercial seria um retrocesso e, agora, era melhor o Brasil livre de Portugal. Por esse motivo é que se viabilizará a independência do Brasil, e só por isso – mais pelos interesses ingleses do que nacionais. E é o que aconteceria em menos de uma década.

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A Revolução Penambucana https://canalfezhistoria.com/a-revolucao-penambucana/ https://canalfezhistoria.com/a-revolucao-penambucana/#respond Sun, 04 May 2025 17:13:46 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7310 A Revolução Pernambucana (18170 foi a mais forte contestação ao consórcio firmando entre Portugal e Inglaterra no negócio do algodão. Outro motivo da revolução foi a vinda da Corte para o Brasil significou maiores controle e presença do Estadonas províncias, sobretudo no que se referia à cobrança e arrecadação de impostos. É claro que, a partir daí, os descontentamentos serão generalizados, sobretudo no Nordeste, que havia empobrecido desde o fim do ciclo da produção de açúcar. 

A gota-d’água para a eclosão da Revolução Pernambucana, porém, foi formada pelos pactos firmados entre Portugal e Inglaterra, que interferiram diretamente nos interesses comerciais de brasileiros e portugueses residentes no Brasil, e sobretudo aqueles voltados para o produção e comercialização do algodão na Região Nordeste. Os revoltosos romperam com o Rio de Janeiro e proclamaram a República, que durou 75 dias. Entre os líderes estavam Frei Caneca e Antônio Carlos de Andrada e Silva, irmão de José Bonifácio. No período, foram enviados emissários a diversos países – o mais importante deles os Estados Unidos -, a fim de buscar apoio para a revolução que visava ao fim da única monarquia das Américas. A Revolução Pernambucana foi violentamente debelada pelas tropas oficiais. Essa seria a última grande contestação ao domínio português sobre o Brasil antes da independência, que ocorreria dali a quatro anos.

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A Restauração Portuguesa https://canalfezhistoria.com/a-restauracao-portuguesa/ https://canalfezhistoria.com/a-restauracao-portuguesa/#respond Sun, 04 May 2025 17:12:45 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7307 A União Ibérica tornou-se catastrófica para Portugal, que saiu praticamente sem suas maiores possessões na África e na Ásia. Portugal mantinha boas relações com a Holanda e Inglaterra, enquanto a Espanha estava em guerra contra as duas maiores potências da época. Com a União Ibérica e as dificuldades crescentes imposta pela Espanha, esses países ocuparão a maioria das possessões portuguesas e esfacelarão intensamente seu império colonial. Quase todo o comércio asiático que Portugal havia aberto a duras penas, de forma pioneira, foi praticamente perdido.

A partir da restauração portuguesa (1640) haverá uma sensível modificação na relação de Portugal com a única colônia de peso que ainda lhe restava: O Brasil. A situação era tão dramática que se pode dizer que “a prosperidade e a própria existência de Portugal passaram a depender exclusivamente dela”. Pode-se afirmar também que, em função de tal dependência e, claro, em função da descoberta do ouro, o período de 1640 a 1750 corresponde a uma época de expansão da Colônia.

Em 1640, por exemplo, foi criado o Conselho Ultramarino, cujo único objetivo era centralizar e reforçar o poder da metrópole e do rei de Portugal sobre a Colônia. Em consequência dessa política centralizadora, todas as capitanias voltaram para o domínio direto de Portugal. Se no período anterior à União Ibérica havia um grande desleixo de Portugal em relação ao Brasil, a ponto de a França fundar no Rio de Janeiro um colônia em 1555, a partir da restauração de 1640, Portugal vai criar um forte sistema de resistência de acesso de estrangeiros ao Brasil, assim como uma série de medidas para aperfeiçoar a exploração comercial da sua colônia. Uma dessas medidas é a criação de Companhias de Comércio – criadas já em 1649 -, as únicas que poderiam comercializar com a Colônia. 

Esse monopólio do comércio com a Colônia vai irritar profundamente, no Brasil, comerciantes que estavam acostumados a comercializar, sobretudo, com franceses, ingleses e holandeses. A principal consequência dessa “política econômica da metrópole que ao liberalismo do passado substituía um regime de monopólios e restrições destinados a dar mais amplitude possível à exploração e aproveitamento da Colônia” será uma sucessão de descontentamentos e ao menos uma revolta, a dos irmãos Backman – comerciantes portugueses – no Maranhão, em 1684.

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A Invasão Holandesa https://canalfezhistoria.com/a-invasao-holandesa/ https://canalfezhistoria.com/a-invasao-holandesa/#respond Sun, 04 May 2025 17:11:30 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7304 Quando ocorreu a União Ibérica, em 1580, uma das primeiras atitudes de Filipe II, claro, foi dificultar o acesso dos holandeses aos portos de Lisboa e do Brasil. Como vimos, a produção de açúcar no Brasil era inteiramente monopolizada por eles, desde o financiamento, passando pelo transporte, pelo refino, até chegar à distribuição do produto final na Europa. Todo o capital dos judeus sefarditas que havia sido salvo nos confiscos de bens em 1492, na Espanha, e em 1496 e 1506, em Portugal, estava empregado na produção do açúcar no Brasil.

A partir deste acontecimento – a União Ibérica – imprevisível, inesperado e nefasto para os negócios, os holandeses começam a arquitetar uma forma de reverter o revés.

São os mesmos judeus sefarditas, exilados nos Países Baixo, os grandes financistas da Companhia das Índias Orientais (1602) que, uma vez rompido o consórcio entre Holanda e Portugal, tomaram grande parte do Império Português na África e na Ásia. Mais tarde, em 1620, esses mesmos financistas fundarão a Companhia das Índias Ocidentais, que tinha como objetivos únicos e exclusivos declarar guerra a Filipe II, invadir o Brasil e procurar retomar a autonomia perdida sobre as principais regiões produtoras do açúcar no país. Em 1624, invadiram a Bahia, sede do Governo-Geral, onde malograram. Em 1630, invadiram o Recife e dessa vez triunfaram. 

Em 1669, as Companhias das Índias Ocidentais e Orientais da Holanda eram as mais ricas e agressivas companhias privadas do mundo. Possuíam mais de 150 navios mercantes, cerca de 40 navios de guerras, em torno de 50 mil funcionários e um Exército de fazer inveja a qualquer rei, aproximadamente 10 mil soldados.

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A Inconfidência Mineira https://canalfezhistoria.com/a-inconfidencia-mineira/ https://canalfezhistoria.com/a-inconfidencia-mineira/#respond Sun, 04 May 2025 17:10:16 +0000 https://canalfezhistoria.com/?p=7301 Em Minas Gerais, a cruel política tributária imposta pela metrópole, como a implantação de pedágios e alfândegas, a criação das Casas de Fundição e a proibição da circulação do ouro que não tivesse sido fundido e, portanto, tributado, será responsável por, pelo menos, duas revoltas coloniais: a revolta de Filipe dos Santos (Vila Rica, 1720), no período inicial da mineração, e a Inconfidência Mineira, já em outro contexto, de contestação do próprio sistema colonial. O principal motivo da Inconfidência foram as medidas cada vez mais exploratórias e escorchantes impostas por Portugal à região das minas. Essa política foi implantada pelo Marquês de Pombal, que havia se tornado primeiro-ministro de Portugal no ano de 1750. Inicialmente, o tributo sobre o ouro auferido nas minas era o Quinto (20%). Com a escassez das lavras e a desconfiança de Portugal de que o ouro estava sendo desviado, por volta de 1750 define-se uma cota fixa como importo de 100 arrobas (1.500 quilos) de ouro por ano. Como essa cota era impossível de ser atingida, a Coroa portuguesa estabelece, em 1763, numa atitude radical, a prática da Derrama, que consistia na supressão de bens particulares dos moradores das cidades para inteirar a cota de impostos. É nesse contexto de exploração intensiva que, tomado pelo espírito da Revolução Francesa (1789), um grupo de brasileiros se revolta contra o despotismo. A reação de Portugal foi de extrema violência, e Tiradentes foi enforcado e esquartejado. Esse seria o ato derradeiro do ciclo do ouro no Brasil, sua grandeza e sua miséria, e, com ele, o fim de todo o sistema colonial.

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