A Revolução de 1930 e a Segunda República

A Revolução de 1930 e a Segunda República

Em 1930, ao dissolver o Congresso, Getúlio assume os poderes Executivo e Legislativo em todas as esferas. Todos os governadores são demitidos e interventores federais, nomeados. Consumada a Revolução, o país fica em uma espécie de limbo jurídico porque a situação de Getúlio é inconstitucional — ele não foi eleito pelo povo. A centralização do poder fez lembrar os tempos de Deodoro no período inicial da República. Em 9 de julho de 1932, o estado de São Paulo, sentindo-se fortemente prejudicado pela Revolução, inicia uma luta armada — a chamada Revolução Constitucionalista — que durará até outubro de 1932. Mesmo derrotados, acabam tendo sua principal reivindicação atendida. Primeiro, Getúlio nomeia como interventor no estado Armando Sales de Oliveira, paulista e civil. Depois, em maio de 1933, ocorrem as eleições para a Assembleia Constituinte, cuja Constituição seria promulgada em 14 de julho de 1934 — a terceira do Brasil. O sistema de Federação foi mantido, assim como as eleições diretas para presidente.

Em 15 de julho, pelo voto indireto, Getúlio Vargas é eleito presidente da República, com mandato até 1938. Acabava aqui o ciclo das oligarquias do café, e com ele a Primeira República no Brasil. A partir desse momento, a nova elite industrial, que havia se desenvolvido ao longo de todo o período da Primeira República, mas que jamais ganhara um papel de destaque, torna-se protagonista. É ela que vai aparelhar o Estado e fazer as engrenagens girarem em acordo com seus interesses.

Em 1936-1937, definiram-se os candidatos para a eleição de 1938, entre eles Armando Sales de Oliveira, de São Paulo. Dos quase 10 milhões de pessoas economicamente ativas no Brasil, nos anos 1930, 6,3 milhões dedicavam-se à agricultura (69,7%), apenas 1,2 milhão à indústria (13,8%) e outro 1,5 milhão ao setor de serviços (16,5%). Em um ambiente como esse, nota-se claramente como seria forte a possibilidade de as oligarquias rurais voltarem ao poder na eleição de 1938. Em um clima ainda convulsionado, comunistas de um lado e a oligarquia paulista de outro, ambos espreitando o poder, Getúlio busca um pretexto para nele se manter.