Desde 1863, quando os Estados Unidos haviam declarado o fim da escravidão, o Brasil tinha se tornado um dos únicos países do Ocidente a tolerá-la, fato que colocava o país e o imperador em situação constrangedora nas relações internacionais. Em 1867, a Junta Francesa para a Emancipação enviou uma carta apelando ao imperador para que resolvesse a questão da escravidão. Na Fala do Trono, o imperador detona uma bomba, “a escravidão no Império não pode deixar de merecer vossa consideração […] provendo-se que sejam atendidos os altos interesses que se ligam à emancipação”. Finda a Guerra do Paraguai (1870), o imperador resolve fazer uma viagem inédita à Europa, deixando para a Princesa Isabel a experiência de sua primeira regência. Com a morte dos filhos varões, restava ao imperador um grande problema em relação à sucessão e, portanto, ao Terceiro Reinado. A princesa enfrentaria, sem dúvidas, o preconceito de gênero na patriarcal sociedade brasileira. Isabel será uma personagem fundamental nos anos finais da Monarquia no Brasil. Como herdeira do trono e nascida em uma época em que a economia brasileira já havia se diversificado, casada com um príncipe francês, de pensamento liberal, a princesa se conectará mais com a elite liberal e citadina, e procurará construir seu reinado – o terceiro – sobre essa base. Com esse alinhamento desde a primeira hora, ela atrairá para si a ira dos conservadores.