Quando ocorreu a União Ibérica, em 1580, uma das primeiras atitudes de Filipe II, claro, foi dificultar o acesso dos holandeses aos portos de Lisboa e do Brasil. Como vimos, a produção de açúcar no Brasil era inteiramente monopolizada por eles, desde o financiamento, passando pelo transporte, pelo refino, até chegar à distribuição do produto final na Europa. Todo o capital dos judeus sefarditas que havia sido salvo nos confiscos de bens em 1492, na Espanha, e em 1496 e 1506, em Portugal, estava empregado na produção do açúcar no Brasil.

A partir deste acontecimento – a União Ibérica – imprevisível, inesperado e nefasto para os negócios, os holandeses começam a arquitetar uma forma de reverter o revés.

São os mesmos judeus sefarditas, exilados nos Países Baixo, os grandes financistas da Companhia das Índias Orientais (1602) que, uma vez rompido o consórcio entre Holanda e Portugal, tomaram grande parte do Império Português na África e na Ásia. Mais tarde, em 1620, esses mesmos financistas fundarão a Companhia das Índias Ocidentais, que tinha como objetivos únicos e exclusivos declarar guerra a Filipe II, invadir o Brasil e procurar retomar a autonomia perdida sobre as principais regiões produtoras do açúcar no país. Em 1624, invadiram a Bahia, sede do Governo-Geral, onde malograram. Em 1630, invadiram o Recife e dessa vez triunfaram. 

Em 1669, as Companhias das Índias Ocidentais e Orientais da Holanda eram as mais ricas e agressivas companhias privadas do mundo. Possuíam mais de 150 navios mercantes, cerca de 40 navios de guerras, em torno de 50 mil funcionários e um Exército de fazer inveja a qualquer rei, aproximadamente 10 mil soldados.