Desafiei todos os líderes com quem trabalhei durante as últimas duas décadas a alcançar “mais resultados mais rápido continuamente”.
Podem começar a alcançar esses resultados não trabalhando mais e durante mais tempo, mas abrandando o ritmo e utilizando diariamente o Leadership Talks.
No entanto, também lhes digo que entrar no caminho de “mais resultados, mais depressa e continuamente” não é um fim, mas um começo. Devem então começar a concentrar-se não apenas na quantidade e velocidade dos resultados, mas no tipo de resultados que pretendem alcançar.
Existem, grosso modo, dois tipos de resultados: os resultados padrão e os resultados profundos. A maior parte dos líderes compreende os resultados padrão, mas não consegue compreender os resultados profundos. De facto, estes líderes passam toda a sua carreira a obter os primeiros, mas não fazem a mínima ideia dos segundos. É claro que os resultados padrão são necessários. Mas, a longo prazo, são muito menos importantes do que os resultados profundos.
Nós sabemos o que são resultados padrão. São os resultados que temos de obter no nosso trabalho, tais como: velocidade, produtividade, eficiência operacional, vendas fechadas, oportunidades de vendas, vendas a novos clientes, prevenção de falhas, avanços na saúde e segurança, qualidade, formação, controlo de qualidade, eficiência logística, objectivos de marketing, novos fluxos de receitas, erosão das vendas, calibrações de preços, reduções de custos, actividades e tecnologias de fluxo de procura, rotações de inventário, reduções de tempo de ciclo, gestão de materiais e peças, etc.
Enquanto a obtenção de resultados padrão nos permite fazer um melhor trabalho e ter uma melhor carreira, os resultados profundos são diferentes. Os resultados profundos têm a ver com o facto de sermos melhores líderes e seres humanos.
É claro que ser um melhor líder terá um impacto positivo no seu trabalho e na sua carreira. Mas há algo mais envolvido: Ser um melhor líder significa ser uma melhor pessoa. O que somos como líderes e o que somos como pessoas devem ser a mesma coisa. Se não o forem, diminuímos tanto a nossa liderança como a pessoa que somos.
Veja as coisas desta forma: Os resultados padrão têm a ver com “fazer”; os resultados profundos têm a ver com “ser”. As nossas realizações mais importantes como líderes não são apenas o que alcançamos, mas quem nos tornamos ao alcançar.
Por exemplo, se não obtivermos resultados padrão no nosso trabalho, falhamos nesse trabalho ou, pelo menos, nesse aspeto específico do trabalho.
Mas no domínio dos resultados profundos, esse fracasso pode levar ao sucesso se, nesse fracasso, encontrarmos uma melhor forma de liderar, uma forma de sermos melhores.
Eis algumas das diferenças entre os resultados profundos e os resultados normais.
-Os resultados profundos surgem durante períodos de tempo mais longos.
–Os resultados profundos abrangem círculos mais amplos fora do seu trabalho, geralmente com impacto na sua família, amigos e parentes.
–Os resultados profundos não são muitas vezes resultados de sucesso convencionais. Podem surgir sob a forma de fracasso.
–Os resultados profundos não podem ser quantificados. São normalmente uma qualidade de vida ou de ser.
–Os resultados profundos muitas vezes não são imediatamente visíveis. Normalmente, apercebemo-nos deles depois de aparecerem e, por vezes, muito depois de aparecerem.
–Os resultados profundos são formados na sua vida interior e nas escolhas que faz sobre as coisas que controla, as suas opiniões, aspirações e desejos.
–Os resultados profundos moldam e são moldados pelo carácter.
Como é que se consegue obter resultados profundos? Há muitos caminhos para subir esta montanha. Mas um caminho é reto, íngreme e claro. Esse é o caminho do Imperativo de Liderança.
EU CONDUZIREI AS PESSOAS DE TAL FORMA QUE, EM CONJUNTO, NÃO SÓ ALCANÇAREMOS OS RESULTADOS DE QUE NECESSITAMOS, COMO TAMBÉM ELAS SE TORNARÃO MELHORES COMO LÍDERES E COMO PESSOAS.
O Imperativo tem duas partes: uma é a obtenção de resultados e a outra é o auto-aperfeiçoamento.
Nunca se é tão poderoso como líder como quando, ao obter resultados, se está a ajudar os outros a serem melhores do que são – até melhores do que pensavam que podiam ser. Guiado pelo Imperativo de Liderança, vai dar por si a obter resultados profundos.
Os resultados profundos não são uma medida ou uma direção. Não são um objetivo central. Eles são um processo de ser. Não são algo alcançado. São uma conquista ó que ocorre não num lugar especial, num momento especial, mas em todos os lugares e em todos os momentos.
Os resultados profundos são resultados antes de saberes que o és. Embora os resultados profundos sejam fáceis, muitas vezes eles não vêm facilmente.
A tarefa que assumimos revela o nosso coração ao mundo. Os resultados profundos mostram a nossa alma ao mundo.
Exemplos de resultados:
— Com os desastres da Guerra Franco-Prussiana desabando sobre Paris, ocorreu um evento notável, cuja notícia se espalhou como fogo pela cidade. O grande escritor Victor Hugo, exilado durante 19 anos, tinha regressado a Paris. Viajando através das linhas alemãs, através do campo devastado pela guerra, chegou à cidade praticamente no último comboio. Vinha partilhar o sofrimento com os parisienses na sua hora mais negra, quando a sua chegada significava praticamente uma prisão na cidade. A multidão reúne-se na estação para o aplaudir. Um homem gritou por cima da multidão: “Se a derrota nos traz Victor Hugo, não podíamos estar mais bem recompensados!
–Doug Collins, membro da equipa olímpica americana de 72 que acabou por perder a medalha de ouro para a União Soviética, descreve os momentos dramáticos no final do jogo. Estávamos a perder por um. Os soviéticos têm a bola. O tempo está a esgotar-se. Escondo-me atrás do centro, atraio um tipo para fazer um passe, solto-o e agarro-o. Um russo passa por baixo de mim quando estou a fazer o lay-up. Fico KO por um segundo. Os treinadores correm para mim. John Bach, um dos assistentes, diz: “Temos de arranjar alguém para marcar as faltas”. Mas o treinador, Hank Iba, diz: “Se o Doug consegue andar, ele marca”. Isso deixou-me electrificado. O treinador acreditou em mim. Nem me lembro de sentir qualquer pressão. Três dribles, rodar a bola, atirá-la para dentro, tal como no meu quintal. Acertei nos dois e ganhei a liderança. Até então, eu não sabia do que era feito”.
–Herb Rammrath, um cliente meu da General Electric no final dos anos 80, contou-me o seguinte. “Eu era um jovem oficial da Marinha que se apresentava com muitos outros novos marinheiros a bordo de um porta-aviões. O comandante reuniu-se connosco em formação na cabina de pilotagem. Apertou-me a mão e desceu a fila, cumprimentando muitos outros marinheiros. Não pensei em nada até várias semanas mais tarde, quando ele passou por mim numa passagem. Disse: “Olá, Herb!”. Nunca mais me esqueci disso. Lembrou-se do meu nome, apesar de ter conhecido dezenas de novos marinheiros nesse dia. Isso teve um impacto tremendo em mim até hoje”.
–Ao ver o abolicionista William Lloyd Garrison ser arrastado com uma corda por uma rua de Boston, Wendell Phillips ficou tão indignado que se juntou ao movimento abolicionista e se tornou um dos seus activistas mais eficazes.
Muitas pessoas passam pelas suas carreiras ignorando os resultados profundos. Mas, quando olhamos para a nossa carreira como um todo, não achamos que a medida final da nossa vida deveria ser os resultados profundos?
Os resultados profundos não têm a ver com receber mas com dar, não têm a ver com fazer mas com tornar-se, não têm a ver com acumulação material mas com enriquecimento pessoal e enriquecimento das relações humanas. De agora em diante, quando pensarem em obter resultados no vosso trabalho e na vossa carreira, pensem também nos resultados profundos que devem alcançar.
