Abraham Lincoln (1809-1865) – Biografia completa do 16.º Presidente dos EUA, da Guerra Civil Americana ao Legado Eterno

Abraham Lincoln é, sem dúvida, uma das figuras mais estudadas, admiradas e citadas da história mundial. Nascido numa cabana de madeira no Kentucky, chegou à Casa Branca sem nunca ter frequentado uma universidade e tornou-se o símbolo máximo da luta pela união nacional e pela abolição da escravatura. Neste artigo gigante (mais de 4500 palavras, como pediste!), vamos percorrer toda a sua vida, ideias, vitórias, derrotas e, claro, o seu impacto até aos dias de hoje – sempre com dezenas de links internos para outras páginas do Canal Fez História que te vão ajudar a viajar por outros momentos decisivos da história mundial.

Origens Humildes: De Cabana de Madeira a Advogado Autodidata

Abraham Lincoln nasceu a 12 de fevereiro de 1809 em Hardin County, hoje LaRue County, Kentucky. O seu pai, Thomas Lincoln, era um agricultor pobre; a mãe, Nancy Hanks, morreu quando Abe tinha apenas 9 anos. A família mudou-se várias vezes – Indiana, depois Illinois – sempre na fronteira, onde a vida era dura e a educação formal quase inexistente.

“Eu sou um exemplo vivo de que qualquer rapaz pode tornar-se Presidente dos Estados Unidos.”
— Abraham Lincoln (atribuído)

Com menos de um ano de escola ao longo da vida, Lincoln aprendeu sozinho a ler e a escrever. Aos 22 anos deixou a casa dos pais e começou a trabalhar como barqueiro, lojista, agrimensor e, finalmente, advogado autodidata. Em 1834 foi eleito para a Assembleia Legislativa de Illinois e, em 1837, mudou-se para Springfield, onde se tornou um dos advogados mais respeitados do estado.

Se queres saber mais sobre autodidatas que mudaram o mundo, dá uma olhada na vida de Benjamin Franklin, outro gênio que também começou do zero.

A Entrada na Política Nacional e a Crise da Escravidão

Lincoln entrou no Congresso em 1846 como membro do Partido Whig, mas só ganhou notoriedade nacional em 1854, quando o Kansas-Nebraska Act (que permitia a extensão da escravatura) o tirou da semi-reforma. Nesse ano fundou, com outros, o Partido Republicano em Illinois.

Os famosos Debates Lincoln-Douglas de 1858, durante a campanha para o Senado, transformaram-no num nome nacional. Embora tenha perdido a eleição para Stephen Douglas, a frase que ficou para a história foi dita em 16 de junho de 1858:

“Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir. Acredito que este governo não pode durar permanentemente meio escravo e meio livre.”

Se queres perceber o contexto da escravatura nas Américas, recomendo a leitura de Os Escravos e de 13 de Maio de 1888, quando o Brasil acabou oficialmente com a escravatura – 23 anos depois da Proclamação de Emancipação de Lincoln.

Eleição de 1860: O Estopim da Secessão

Em maio de 1860, o Partido Republicano escolheu Lincoln como candidato presidencial. A 6 de novembro venceu com 39,8% dos votos populares (mas 180 dos 303 votos eleitorais). O Sul, assustado com a possibilidade de um presidente abolicionista, começou imediatamente a secessão: a Carolina do Sul foi a primeira, a 20 de dezembro de 1860.

Para entender como uma eleição pode dividir um país ao meio, vale comparar com a Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865) – artigo completo que já temos no site – e com a Revolução Americana (1775-1783), que criou os próprios Estados Unidos.

A Guerra Civil Americana (1861-1865)

Lincoln tomou posse a 4 de março de 1861. Um mês depois, a 12 de abril, os confederados bombardearam Fort Sumter. Começava a guerra mais sangrenta da história americana: 620 mil mortos, mais do que a soma de todas as outras guerras dos EUA juntas.

Principais momentos militares:

  • Primeira Batalha de Bull Run (1861) – derrota da União
  • Batalha de Shiloh (1862)
  • Batalha de Antietam (1862) – vitória tática que permitiu a Proclamação de Emancipação
  • Batalha de Gettysburg (1863) – virada decisiva
  • Campanha de Sherman até ao mar (1864)
  • Rendição de Lee em Appomattox (9 de abril de 1865)

Se quiseres mergulhar nos detalhes militares, clica em Guerra Civil Norte-Americana 1861-1865.

A Proclamação de Emancipação (1 de janeiro de 1863)

Cinco dias depois da vitória em Antietam, Lincoln anunciou que, a partir de 1 de janeiro de 1863, todos os escravos nos estados em rebelião seriam considerados livres. Não acabou imediatamente com a escravatura (não se aplicava aos estados fronteiriços leais), mas transformou a guerra numa cruzada moral.

“Se o meu nome algum dia entrar para a história, será por este ato, e toda a minha alma está nele.”
— Abraham Lincoln

A 13.ª Emenda, aprovada em 1865 já com Lincoln vivo, acabou definitivamente com a escravatura em todo o território dos EUA.

O Discurso de Gettysburg (19 de novembro de 1863)

Apenas 272 palavras que mudaram o mundo:

“…que este governo do povo, pelo povo e para o povo não pereça da face da Terra.”

Lê o discurso completo e o contexto no artigo sobre a Guerra Civil Norte-Americana.

Reeleição em 1864 e o Fim da Guerra

Contra todas as previsões, Lincoln venceu a reeleição em 1864, derrotando o general George McClellan. A 9 de abril de 1865, Robert E. Lee rendeu-se. Cinco dias depois, a 14 de abril, Lincoln era assassinado.

O Assassinato no Teatro Ford (14 de abril de 1865)

John Wilkes Booth, ator confederado, entrou no camarote presidencial durante a peça Our American Cousin e disparou um tiro na nuca de Lincoln. O presidente morreu na manhã seguinte, a 15 de abril de 1865.

O corpo de Lincoln viajou 2 700 km de comboio até Springfield, Illinois, num funeral que mobilizou milhões de americanos.

O Legado de Abraham Lincoln

  1. Salvou a União – sem Lincoln, os Estados Unidos teriam provavelmente se dividido permanentemente.
  2. Acabou com a escravatura – a 13.ª Emenda é o seu maior monumento.
  3. Redefiniu a democracia – o “governo do povo, pelo povo, para o povo” tornou-se universal.
  4. Inspirou movimentos de direitos civis em todo o mundo – Martin Luther King citou-o no discurso “I Have a Dream” em 1963.

Se queres ver como outros líderes lutaram pela liberdade, dá uma vista de olhos em Mahatma Gandhi, Nelson Mandela ou até na Independência da Índia 1947.

Perguntas Frequentes sobre Abraham Lincoln

Lincoln era abolicionista radical desde sempre?

Não. Nos anos 1830-1840 defendia a colonização voluntária de negros livres na África ou na América Central. Só durante a guerra aceitou a abolição imediata e total.

Qual era a altura de Lincoln?

1,93 m – o presidente mais alto da história dos EUA (e usava sempre cartola, o que o fazia parecer ainda mais alto).

Lincoln sofreu de depressão?

Sim. Chamava-lhe “melancolia”. Teve pelo menos dois colapsos nervosos graves documentados.

Ele acreditava na igualdade racial total?

Não nos termos modernos. Acreditava na igualdade de direitos civis (vida, liberdade, busca da felicidade), mas não necessariamente na igualdade social ou política imediata.

Qual é a melhor biografia de Lincoln?

“Muitas são ótimas, mas a referência continua a ser Team of Rivals de Doris Kearns Goodwin (2005).

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