O Dia Nacional do Choro, celebrado em 23 de abril, é uma homenagem a um dos gêneros musicais mais autênticos e representativos da cultura brasileira. Essa data foi escolhida em tributo ao nascimento de Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana Jr.), um dos maiores expoentes do choro e figura fundamental na história da música popular brasileira.
Neste artigo, exploraremos:
O choro, muitas vezes chamado de “jazz brasileiro”, é um estilo instrumental sofisticado, caracterizado por sua harmonia rica, melodias elaboradas e ritmo contagiante. Mais do que um gênero musical, o choro é uma expressão cultural que reflete a identidade brasileira, unindo influências africanas, europeias e indígenas em uma linguagem única.
Neste artigo, exploraremos a história do choro, seus principais instrumentistas, a importância do Dia Nacional do Choro e o legado desse gênero para a música brasileira.
Origem e História do Choro
O choro surgiu no Rio de Janeiro, no final do século XIX, como uma adaptação brasileira de ritmos europeus, como a polca, o schottisch e o maxixe, mesclados com a cadência africana. Inicialmente chamado de “chorinho” (termo afetivo que denota a emotividade da música), o gênero se consolidou como uma forma instrumental virtuosística, frequentemente executada em rodas informais – os famosos “chorões”.
Primeiras Composições e Pioneiros
- Joaquim Callado (1848-1880): Considerado o “pai do choro”, criou o grupo “Choro Carioca” e compôs “Flor Amorosa”, uma das primeiras obras do gênero.
- Ernesto Nazareth (1863-1934): Pianista que trouxe elementos do choro para o tango brasileiro, com clássicos como “Odeon” e “Apanhei-te, Cavaquinho”.
- Chiquinha Gonzaga (1847-1935): Primeira grande compositora brasileira, autora de “Corta-Jaca”, uma das peças mais emblemáticas do choro.
Consolidação do Gênero
Na década de 1920, o choro ganhou ainda mais força com o surgimento do rádio e das gravações em disco. Pixinguinha e seu grupo Os Oito Batutas levaram o choro para o mundo, realizando turnês na Europa e ajudando a difundir a música brasileira internacionalmente.
Pixinguinha e a Importância do 23 de Abril
Alfredo da Rocha Viana Jr., o Pixinguinha (1897-1973), é uma das figuras mais importantes da música brasileira. Compositor, arranjador e flautista, ele revolucionou o choro com harmonias sofisticadas e uma linguagem única.
Obras Fundamentais
- “Carinhoso” (em parceria com João de Barro) – Uma das músicas mais gravadas no Brasil.
- “Lamentos” – Considerada uma das maiores obras do choro.
- “Rosa” – Demonstra sua genialidade melódica.
Em 4 de setembro de 2000, uma lei federal (Lei nº 10.000) oficializou o 23 de abril como Dia Nacional do Choro, em reconhecimento ao seu legado.
Instrumentos e Formação Clássica do Choro
O choro tradicional é executado por um conjunto regional, que geralmente inclui:
- Cavaquinho (responsável pelo ritmo)
- Violão de 7 cordas (harmonia e baixaria)
- Pandeiro (marcação rítmica)
- Flauta, Bandolim ou Clarineta (melodias principais)
Com o tempo, outros instrumentos foram incorporados, como o saxofone, o piano e o acordeon.
O Choro Hoje: Tradição e Renovação
Apesar de ser um gênero centenário, o choro segue vivo e em constante evolução. Novos músicos mantêm a tradição enquanto experimentam fusões com jazz, samba e até música erudita.
Grandes Nomes Contemporâneos
- Hamilton de Holanda (bandolinista virtuoso)
- Yamandu Costa (violonista que incorpora o choro em seu repertório)
- Zé da Velha e Silvério Pontes (renovadores do choro instrumental)
Festivais e Eventos
- Festival Nacional do Choro (Brasília)
- Rio Choro Festival
- Encontro de Choro de Ribeirão Preto
O Choro Como Patrimônio Cultural
O Dia Nacional do Choro não apenas homenageia Pixinguinha, mas celebra toda uma tradição musical que resiste ao tempo. O choro é mais do que música – é emoção, técnica e identidade brasileira.
Neste 23 de abril, vale a pena ouvir um clássico de Pixinguinha, Jacob do Bandolim ou Waldir Azevedo e se deixar levar pela riqueza desse gênero que é, sem dúvida, uma das maiores expressões artísticas do Brasil.
Que o choro continue ecoando, inspirando novas gerações e mantendo viva a alma da música brasileira!
Referências:
- Livro “O Choro: Reminiscências dos Tempos Antigos” – Alexandre Gonçalves Pinto
- Documentário “Brasileirinho” (2005) – Mika Kaurismäki
- Acervo Digital do Instituto Moreira Salles (IMS) sobre Pixinguinha
Este artigo foi escrito em homenagem ao Dia Nacional do Choro, celebrado em 23 de abril. 🎶🇧🇷