17 Abril – Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária

17 Abril - Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária

O Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, celebrado em 17 de abril, é uma data emblemática no calendário das lutas sociais no Brasil. Marcado por histórias de resistência, repressão e esperança, esse dia homenageia os trabalhadores rurais que foram massacrados em Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, além de reforçar a necessidade urgente de uma reforma agrária justa e democrática no país.

1. O Massacre de Eldorado dos Carajás (1996)

No dia 17 de abril de 1996, cerca de 1.500 sem-terra bloqueavam a Rodovia PA-150, no Pará, em protesto pela desapropriação de terras improdutivas. A ação fazia parte de uma jornada nacional de lutas organizada pelo MST.

A resposta do Estado foi brutal: a Polícia Militar do Pará atacou os manifestantes com violência extrema, resultando em 19 mortos (dois morreram depois) e 69 feridos. Muitas vítimas foram executadas a queima-roupa, e nenhum policial foi condenado criminalmente.

Esse episódio, conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, chocou o mundo e tornou-se um símbolo da luta pela terra no Brasil. Em 1999, a data foi oficializada como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

2. A Reforma Agrária no Brasil: Uma Dívida Histórica

A concentração fundiária no Brasil é herança colonial, com raízes no latifúndio e na escravidão. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE (2017):

  • 1% dos proprietários controlam quase 50% das terras agricultáveis.
  • Mais de 30% das terras são improdutivas, enquanto milhões de famílias não têm acesso à terra.

A Constituição de 1988 prevê a função social da terra, permitindo desapropriações para fins de reforma agrária. No entanto, os governos têm avançado pouco na democratização do acesso à terra, privilegiando o agronegócio exportador em detrimento da agricultura familiar.

3. A Luta dos Movimentos Sociais

O MST, fundado em 1984, é o principal movimento pela reforma agrária no Brasil. Suas bandeiras incluem:

  • Desapropriação de latifúndios improdutivos
  • Assentamento de famílias sem-terra
  • Produção de alimentos saudáveis (agroecologia)
  • Educação no campo

Além do MST, outras organizações, como a CPT (Comissão Pastoral da Terra), denunciam a violência no campo. Segundo relatórios anuais da CPT, o Brasil é um dos países mais perigosos para ativistas agrários, com centenas de assassinatos desde a redemocratização.

4. Desafios Atuais da Reforma Agrária

Apesar de avanços pontuais, a reforma agrária enfrenta obstáculos:

  • Judicialização de desapropriações (lentidão e favorecimento a latifundiários)
  • Criminalização dos movimentos sociais
  • Avanço do agronegócio sobre territórios indígenas e quilombolas
  • Falta de políticas públicas para assentamentos (infraestrutura, crédito, assistência técnica)

Governos recentes, como o de Jair Bolsonaro (2019-2022), praticamente paralisaram as desapropriações, enquanto o de Lula (2023- ) tenta retomar políticas de redistribuição, mas enfrenta resistência do Congresso e do Judiciário.

5. Conclusão: A Reforma Agrária como Projeto de Justiça Social

O 17 de abril não é apenas uma data de memória, mas de luta viva. A reforma agrária é essencial para:

  • Reduzir desigualdades sociais
  • Garantir soberania alimentar
  • Promover desenvolvimento sustentável

Enquanto o Brasil mantiver uma estrutura fundiária concentrada e excludente, a violência no campo persistirá. A luta pela terra segue sendo uma das mais urgentes bandeiras democráticas do país.

“Se queremos mudar o Brasil, precisamos ocupar, resistir e produzir!” (Lema do MST)

Referências:

  • MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
  • CPT (Comissão Pastoral da Terra)
  • IBGE (Censo Agropecuário)
  • Relatórios de violência no campo

Este artigo busca honrar a memória dos mártires de Eldorado dos Carajás e reafirmar que a luta pela terra continua. Reforma agrária já!